GA4:36 – quem é o homem?

Pellegrini Drucker

Quem é o homem? É aquele que deve dar testemunho do que é. Dar testemunho significa, por um lado, reportar; mas ao mesmo tempo significa responder, ao reportar, pelo reportado. O homem é aquele que é precisamente ao atestar o seu estar aí (Dasein). Este testemunho não significa aqui uma expressão posterior e acessória do ser-homem, antes ela ajuda a constituir o estar-aí. De que, porém, deve o homem dar um testemunho? De seu pertencimento à terra. Este pertencimento consiste em ser o homem o herdeiro e o aprendiz, em todas as coisas. Estas, contudo, se encontram em estado de conflito. Aquilo que separa todas as coisas em oposição, e com isso ao mesmo tempo as reúne, Hölderlin chama “intensidade”. O testemunho do pertencimento a tal intensidade acontece por meio da criação de um mundo e do seu emergir, assim como pela destruição e declínio deste mesmo mundo. O testemunho acerca do (46) ser homem e, com isto, sua consumação específica acontece a partir da liberdade da decisão. Esta captura o necessário e se instala dentro do compromisso de uma exigência superior. Ser a testemunha deste pertencimento no ente no seu todo acontece como história. Para que a história seja possível, contudo, a língua foi dada ao homem. Ela é um bem do homem.

[HEIDEGGER, Martin. Explicações da poesia de Hölderlin. Tr. Claudia Pellegrini Drucker. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2013]

Hoeller

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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