GA40:14 – “com filosofia nada se pode fazer”

Carneiro Leão

A menção e correção desses dois equívocos não pretendem fazer com que os senhores entrem de repente numa clara relação com a filosofia. Todavia os senhores devem ficar logo desconfiados e suspeitando, quando juízos os mais correntes e até inclusive supostas experiências, os assaltarem de surpresa. Isso ocorre muitas vezes de um modo muito inocente e que rapidamente se impõe. Até se crê ter feito pessoalmente a experiência e se ouve facilmente confirmada, de que da filosofia “não se obtém resultado algum”; “com ela não se pode fazer nada”. Ambas as maneiras de falar, que de modo particular correm nos círculos dos professores e pesquisadores das ciências, exprimem verificações de indiscutível exatidão. Quem tentasse provar-lhes que por fim se “obtém mesmo alguma coisa”, esse não faria outra coisa senão aumentar e consolidar a incompreensão reinante. Essa se cifra no pre-conceito, segundo o qual se poderia avaliar a filosofia de acordo com os critérios vulgares, com que se decide da utilidade de bicicletas ou da eficácia de banhos medicinais.

Está pois certo e na melhor ordem dizer-se que “com filosofia nada se pode fazer”. O errado seria pensar, que, com Isso, terminou o juízo sobre a filosofia. Pois sobrevem-lhe ainda (42) um pequeno acréscimo na forma de uma contra-pergunta: se NÓS nada poderemos fazer com filosofia, acaso a filosofia também não poderá fazer alguma coisa CONOSCO, com tanto que nos abandonemos a ela? Isso basta para elucidar-nos o que a filosofia não é. [GA40CL:42-43]

Kahn

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Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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