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Casanova
O questionamento acerca do homem e “a questão acerca do homem” não são nem de longe a mesma coisa. Se tomarmos o homem como um ente entre outros, então perguntaremos sobre ele não no quadro da questão diretriz, mas a partir do fundamento da questão fundamental. Hoje, com intenções completamente diversas e com equipagens totalmente diferentes, cultiva-se e empreende-se em muitos aspectos a antropologia; [148] por exemplo, psicologia, pedagogia, medicina, teologia. Tudo isso já não é mais nenhum método, mas uma epidemia. Assim, mesmo lá onde se fala de antropologia filosófica, de maneira não esclarecida, pergunta-se em primeiro lugar como se se estivesse perguntando sobre o homem, e, em segundo lugar, em que medida esse questionamento é filosófico. Nós podemos, porém, e precisamos mesmo dizer: toda antropologia filosófica encontra-se fora da questão acerca do homem, que emerge a partir do fundamento da questão fundamental da metafísica e apenas a partir desse fundamento. Esse último questionamento acerca do homem a partir do fundamento da questão fundamental pergunta de antemão e com vistas à possibilitação de todo questionamento filosófico acerca do homem. O primeiro questionamento, em contrapartida, também pergunta no quadro da questão diretriz simplesmente e incidentalmente acerca do homem. Para todo questionamento filosófico ulterior acerca do homem e para todo questionamento que também se faz por fim acerca do homem no contexto e em uma posição de coordenação com outras questões, o perguntar de antemão não se mostra apenas como um perguntar diverso com vistas ao modo de ser em meio à ordem dos problemas, a saber, em uma pré-ordenação em relação à questão fundamental, coordenado no quadro da questão diretriz e inserido ao mesmo tempo na ordem dessa questão. Ao contrário, ele é fundamentalmente diverso mesmo segundo o seu conteúdo material e segundo o modo de ser de toda a problemática. (GA31PT:148-149)