Em contraposição às múltiplas interpretações equivocadas do SONO (Schlaf) que surgiram ao longo da modernidade, já entre os filósofos antigos vemos que o caráter fundamental do SONO se mostra em consonância com um modo de concepção muito mais elementar e imediato. Aristóteles, que escreveu um tratado específico e detentor de um caráter peculiar sobre o acordar e o dormir (Περὶ ὕπνου καὶ έγρηγόρσεως), viu algo digno de nota ao dizer que o SONO é uma ἀκινησία (akinesia). Ele não coloca o SONO em conexão com as noções de consciência (Bewußtsein; Bewusstsein) ou inconsciência (Unbewußtsein; Unbewusstsein). Ele diz muito mais: o SONO é um δεσμός (desmos), uma vinculação (Gebundenheit), uma vinculação característica da αἴσθησις (aisthesis), não apenas da percepção (Wahrnehmung), mas uma vinculação da essência, à medida que ela não está em condições de apreender um outro ente que não ela mesma. Esta característica do SONO é mais do que uma imagem e abre uma grande perspectiva, que não é de forma alguma assimilável em um propósito metafísico. (GA29-30PT:81-82)