GA29-30:277-278 – vida (Leben)

Casanova

Hoje – e nós continuamos a falar sempre apenas e também aqui de nosso ser-aí – nos encontramos em uma circunstância propícia. Propícia não apenas em função do caráter multiforme e vital da investigação, mas também em função da tendência fundamental de restituir e assegurar a autonomia para a vida, isto é, para o modo de ser do animal e da planta. Isto diz: no interior da totalidade da ciência, que chamamos ciência da natureza, a biologia procura se defender hoje contra a tirania da física e da química. Isto não quer dizer que em certos âmbitos e direções os modos físicos e químicos de colocação de questões não sejam legítimos e úteis no interior da biologia. A luta contra a física e a química na biologia diz muito mais que a “vida” enquanto tal não se deixa fundamentalmente apreender a partir destas disciplinas. No entanto, isto implica o seguinte: as coisas tampouco se dão de tal modo que a “substância vital” seja primeiramente esclarecida de maneira físico-química, e, então, em meio a um impasse, quando o cálculo não dá certo e algo inexplicado fica para trás, é assumido um outro fator em caráter emergencial. Ao contrário, a partir do que é inexplicável físico-quimicamente, e, acima de tudo, a partir do que não é assim apreensível, ou seja, a partir da consistência fundamental do vivente, é levada a termo a circunscrição deste último. A ciência da biologia encontra-se diante da tarefa de um esboço totalmente novo disto, pelo que ela pergunta. (Ou, dito em um outro aspecto, que não se casa sem mais com o agora citado, trata-se hoje da libertação ante a concepção da vida como um mecanismo. Esta tendência negativa foi ainda há pouco estabelecida através do slogan “guerra ao mecanismo, ao vitalismo, à consideração teleológica da vida”. Esta consideração da vida está tão carregada de grandes incompreensões quanto a concepção mecanicista da vida.) Com isto também já está insinuado que (244) esta grande tarefa não dá um passo à frente e nem mesmo é compreendida se, em face da mera morfologia e fisiologia, também preconizarmos a psicologia dos animais. Pois sobre um tal caminho não se fala a partir da animalidade do animal. Ao contrário, a deformação e a má interpretação antes fisico-químicas são agora uma vez mais interpretadas erroneamente com a ajuda de uma psicologia assumida de maneira grosseira da psicologia humana.

McNeill & Walker

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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