GA29-30:276 – filosofia e círculo

Casanova

O entendimento vulgar só consegue ver e apreender o que se encontra na frente de seus olhos. Assim, ele quer sempre prosseguir em linha reta, passando da coisa mais próxima a que lhe é imediatamente posterior. As pessoas chamam isto de progresso. No interior de um movimento circular, o entendimento vulgar também só vê à sua maneira: ele se movimenta em uma linha circular e toma o andar por sobre o círculo como um andar em frente, até que de repente se depara com o retomo ao ponto de partida. Neste momento, ele fica, então, parado em aporia porque não há aí nenhum progresso. Mas porque o progresso é o critério de apreensão próprio ao entendimento vulgar, todo e qualquer curso circular é desde o princípio uma objeção, um sinal de impossibilidade. O fatídico é que mesmo na filosofia se opera com este argumento do movimento circular. Este argumento é o sinal da tendência de rebaixar a filosofia ao nível do entendimento vulgar.

O movimento circular próprio à filosofia não encontra o seu elemento essencial no fato de andar ao longo de uma periferia e de retomar à posição inicial. Ao contrário, ele o encontra no olhar para o centro, que só é possível no curso circular. O meio e o fundo só se abrem como o centro no e para um círculo em torno de si. A este traço circular do pensamento íilosofante está ligada a ambiguidade, que não se pode colocar de lado e que ainda menos se deixa equilibrar através da dialética. E característico que sempre reencontremos na filosofia e em sua história, por fim mesmo em uma forma grandiosa e genial, a tentativa de equilibrar esta circularidade e esta ambiguidade do pensamento filosófico por sobre o caminho de uma dialética. Toda dialética na filosofia, no entanto, é a expressão de um impasse. (2011, p. 241-212)

McNeill

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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