GA19:59-60 – νοῦς e διανοεῖν

Casanova

Aristóteles não diz aqui nada mais exato sobre ο νοῦς (pensamento). Ainda experimentaremos algumas coisas sobre ο νοῦς (pensamento). Considerado como um todo, há poucas coisas legadas de Aristóteles sobre ο νοῦς (pensamento); ele é o fenômeno que lhe apresentou o maior número de dificuldades. Aristóteles talvez só tenha clarificado esse fenômeno até o ponto que era possível no interior da interpretação grega de ser. Uma interpretação prévia já se encontra dada na Ética a Nicômaco VI, 6. Aqui, Aristóteles lembra-nos do fato de que a ἐπιστήμη (ciência) – exatamente como a φρόνησις (circunvisão) e como a σοφία (sabedoria) – é μετὰ λόγου (por meio da linguagem -1140b33). Nós veremos que ο ἀληθεύειν (desvelamento) do νοῦς (pensamento) é de fato ἄνευ λόγου (sem linguagem), na medida em que se compreende ο λόγος (discurso) como κατάφασις (afirmação) e ἀπόφασις (negação). Ο νοῦς (pensamento) como ο νοῦς (pensamento) puro, se quisermos concebê-lo como μετὰ λόγου (acontecendo por meio do discurso), possui um λόγος (discurso) totalmente peculiar, que não é nenhuma κατάφασις (afirmação) e nenhuma ἀπόφασις (negação). Dando uma indicação prévia, é preciso dizer que ο νοῦς (pensamento) como tal não é nenhuma possibilidade do ser do homem. Na medida, porém, em que o ser-aí humano é caracterizado por um “visar” e por um apreender, ο νοῦς (pensamento) é de qualquer modo encontrável no ser-aí humano. Esse νοῦς (pensamento) é denominado por Aristóteles ο καλούμενος της ψυχής νοῦς (aquilo na alma que é denominado pensamento) (De anima III, 4; 429a22ss.); o assim chamado νοῦς (pensamento) deve significar: ο νοῦς (pensamento) impróprio. Esse νοῦς (pensamento) na alma humana não é um νοεῖν, um ver puro e simples, mas um διανοεῖν (um pensar discursivo), porque a alma humana é determinada pelo λόγος (discurso). Com base no λόγος (discurso), na interpelação discursiva de algo como algo, o νοεῖν (pensar) se transforma em διανοεῖν (em pensar discursivo). [GA19MAC:63-64]

Rojcewicz & Schuwer

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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