GA19:21-22 – άληθεύειν (aletheuein, 5 modos de des-encobrimento)

Casanova

Aristóteles introduz a investigação propriamente dita presente em [Ética a Nicômaco] VI, 3; 1139b 15ss. com uma enumeração programática dos modos do άληθεύειν (desvelamento): έστω δή οίς άληθεύει ή ψυχή τώ καταφάναι ή άποοάναι, πέντε τόν αριθμόν ταύτα δέσην τέχνη επιστήμη φρόνησις σοφία νούς· ύπολήψει γάρ καί δόξη ενδέχεται διαψεύδεσθαι. “Cinco são os modos, portanto, nos quais o ser-aí humano descerra o ente como atribuição e negação. E esses modos são: saber-fazer (techne) — na ocupação, na manipulação, na produção — ciência (episteme), circunvisão (phronesis) — intelecção — compreensão (sophia), suposição apreendedora (noûs).” Como anexo, Aristóteles acrescenta a ύτώληψις, o tomar por, considerar algo verdadeiro, e a δόξα, a visão, a opinião. Esses dois modos do άληθεύειν (desvelamento) caracterizam o ser-aí humano em seu ένδέχεται (ter acolhido): ενδέχεται διαψεύδεσθαι; na medida em que o ser-aí humano se movimenta nesses modos do desvelamento, ele pode se enganar. A δόξα (opinião) não é simplesmente falsa; ela pode ser falsa; ela pode dissimular o ente, colocar-se diante dele. Todos esses diversos modos do άληθεύειν (desvelamento) encontram-se em uma conexão com ο λόγος (discurso); tudo, menos ο νους (pensamento), é aqui μετά λόγον (por meio do discurso); não há nenhuma circunvisão, nenhuma intelecção, nenhuma compreensão, que não seria fala. A τέχνη (arte) é o saber-fazer na ocupação, no manuseio, na produção, que pode se conformar em graus diversos, tais como, por exemplo, no sapateiro e no alfaiate; ela não é o próprio manuseio e o próprio fazer, mas um modo de conhecimento, precisamente o saber-fazer que guia a ποίησις (produção poética). A επιστήμη (ciência) é o termo para aquilo que se designa como ciência. A φρόνησις é a circunvisão (intelecção), a σοφία (sabedoria), o compreender propriamente dito, ο νούς o notar, que apreende o notado. Ο νοειν (pensar) já vem à tona imediatamente junto ao começo decisivo da filosofia grega, no qual é decidido o destino da filosofia grega e ocidental, em Parmênides: o mesmo é o notar e o notado.

Se acompanharmos aquilo que Aristóteles diz sobre os modos do desencobrir, conquistamos o seguinte:

1. A orientação sobre os caminhos possíveis, que estavam abertos para a existência grega experimentar e inquirir o ente do mundo;

2. Uma visão prévia das diversas regiões ontológicas, que são descerradas nos diversos modos do άληθεύειν (desvelamento), assim como uma visão prévia das determinações características de ser;

3. Uma primeira compreensão, em cujos limites se manteve a pesquisa grega. [GA19MAC:21-22]

Rojcewicz & Schuwer

Original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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