Fink (1994b:200-202) – onde e quando tem lugar o aparecer?

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Se o ente é o que aparece, e o homem é aquele a quem aparece, então surge a questão de onde e quando as coisas aparecem ao homem. Tudo o que é, que existe no modo de ser intramundano, está em algum momento e em algum lugar. Tudo tem um tempo e um lugar. Poder-se-ia objetar, no entanto, que a alma humana sobrevém certamente no tempo – como a mónada leibniziana – mas não num lugar, sendo essencialmente diferente de qualquer res corporea. Ser-espacial não deve ser simplesmente equiparado a ser-no-espaço, como é o caso de uma coisa corpórea que ocupa um lugar e tem uma figura. A alma humana é “espacial” na medida em que “olha” para o espaço das coisas corpóreas, que com o seu ver, olhar, ouvir e escutar, tocar e agarrar, percepciona no espaço. O fato de os nossos sentidos estarem relacionados com o espaço é uma indicação de que estamos no espaço, de forma diferente, mas não menos do que as montanhas, as estrelas e as cidades. Com base na nossa abertura compreensiva para o espaço, situamos o nosso corpo carnal (Leib), atribuímos a nós próprios, até certo ponto, um lugar no meio das coisas, aqui no auditório ou anteriormente no trem, movemo-nos, com toda a nossa eficácia carnal, em caminhos e carris. O fato de as coisas se mostrarem, e do nosso lado o ato de percepção consciente, pressupõe uma proximidade espacial e temporal.

Kessler

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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