Fink (1966b:55-58) – ser-no-mundo

tradução destaque

O ser-no-mundo do homem não é, ao contrário do que se pensa, uma “constituição ontológica” que lhe pertença e o caracterize do mesmo modo que a solidez e o peso pertencem e caracterizam a pedra; por conseguinte, não pode ser concebido, de pronto, em termos de um ser subsistente por si do homem. O homem é, pelo contrário, o ser intramundano que se ocupa do mundo, que é apanhado e habitado pelo pensamento da imensidão. A existência humana é um ser-no-mundo compreendedor porque o mundo irrompeu no homem. É por isso que ele não “tem” a sua abertura ao mundo da mesma forma que os sentidos, o corpo ou outros posses. A abertura ao mundo não adveio ao homem, mas, pelo contrário, é o homem que adveio à abertura ao mundo; ele existe extasiado, virado para a extensão do universo que se agita à sua volta e da qual lhe cai a luz da razão, da linguagem, da compreensão ontológica. Não é porque originalmente “possuímos” a razão, a linguagem e a compreensão do ser que temos “o mundo”: é porque estamos abertos ao mundo, transportados para o in-finito, porque somos eclodidos no Logos do todo, que reúne e estrutura, que podemos pensar e falar na compreensão do ser. Por um lado, o ser-no-mundo do homem não é um modo ontológico pertencente à sua “natureza”; por outro lado, o homem não é um ser para quem “mundo”, “verdade” e “temporalização” são outros tantos aspectos estruturais a que se convencionou chamar “existenciais”.

original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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