fim da filosofia

No fim da filosofia, fica cheia de sentido a indicação de que o pensamento filosófico desde o seu começo segue o caminho da sua história. No fim da filosofia, ela assume as suas possibilidades derradeiras de seu pensamento. Podemos fazer essa experiência num processo (Vorgang) que pode ser descrito com algumas poucas frases.
[…] O fim da filosofia caracteriza-se pela dissolução de suas disciplinas em ciências independentes cuja nova unidade é acenada na cibernética. Querer avaliar a dissolução da filosofia nas ciências e a sua diluição pela cibernética como mera decadência seria faltar com uma visão compreensiva do que se entende pelo fim da filosofia.

Essa avaliação seria também precipitada, uma vez que até aqui só se caracterizou o fim da filosofia, mas ainda não se pensou o específico de um fim.

Isso só é possível quando nós – ao menos por um momento – admitirmos perguntar: qual a coisa (causa) própria da filosofia, à qual a filosofia desde o seu começo permanece referida?

Em seu começo, o pensamento, posteriormente chamado filosofia, encontra-se referido a perceber, pela primeira vez, o espantoso de ser e dizer que ente é e como ente é. Aquilo que, de maneira multivariada e equivocadamente, chamamos de ente, os filósofos gregos chamaram de vigência (Anwesenheit). Em termos de vigência (Anwesenheit) pensou-se também a passagem do vigente para o ausente, do surgimento e desaparecimento, do nascer e perecer, ou seja, o movimento.
[…] O fim da filosofia é ambíguo. Significa por um lado a plenificação (consumação, acabamento) de seu pensamento, isto é, do pensamento filosófico, para o qual o vigente se mostra no caráter da encomenda (dis-posicionalidade). Por outro, precisamente esse tipo de vigência contém a indicação do poder do dis-por explorador cuja determinação exige um outro pensamento para o qual a vigência possa torna-se como tal questão. É que ela traz consigo ainda um impensado cuja característica própria retrai-se para o pensamento filosófico.

O impensado na vigência na verdade não é totalmente desconhecido para os primórdios do pensamento filosófico. Todavia, ele não somente não é reconhecido pela filosofia como viu-se até mesmo desprezado no seu próprio, tendo sido deturpado no sentido do que a filosofia pensa sob o título de “verdade”. [Coisa do Pensamento]