O presentar do que se presenta – quer dizer, o presentificar: aquilo que se presenta – é interpretado em Aristóteles como poíesis. Esta, mais tarde reinterpretada como creatio, conduz, numa linha de grandiosa simplicidade, até a posição que constitui a consciência transcendental dos objetos. Assim, mostra-se que o traço fundamental do presentificar na metafísica é o pro-duzir, em suas mais diferentes formas. Contra isto se argumentou que, ainda que em suas obras tardias – antes de tudo nós Nómoi -, o caráter “poético” do nous já sempre se faça mais presente, a relação de determinação que subsiste entre presentar e aquilo que se presenta não se compreende em Platão como poíesis. No tõ kalõ tà kalà só viria expressa a parousía, o estar-junto do kalón junto aos kalà, sem que se atribua a este estar-junto o sentido do “poiético”, sob o ponto de vista daquilo que se presenta. Mas isto prova em que Platão o determinar permanece impensado. Pois nada está nele elaborado que possa ser a parousía propriamente dita; nada está dito sobre o que a parousía produz, no que se refere aos ónta. Esta lacuna não se fecha pelo fato de Platão procurar captar a relação do presentar com aquilo que se presenta na metáfora da luz – quer dizer, não como poíesis, fazer etc., mas como luz -, ainda que nisto se ofereça, sem dúvida, uma proximidade com Heidegger. Pois o presentificar pensado por Heidegger, ainda que, naquela passagem problemática da conferência, seja compreendido como neutral e esteja e deva estar aberto em face de todos os modos do fazer, da constituição, etc., é um levar-para-dentro-do-aberto. Nisto mostrou-se, portanto, agora, de maneira expressa o elemento grego, a luz e o brilhar. Fica, entretanto, aberta a pergunta pelo que quererá dizer a indicação metafórica para a luz, mas que ainda não é capaz de dizer. PROTOCOLO DO SEMINÁRIO SOBRE A CONFERÊNCIA “TEMPO E SER”
estar-junto
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