Lichtung des Sichverbergens
(As decisões) Sobre se o homem quer permanecer “sujeito” ou se ele funda o ser-aí – Sobre se com o sujeito o “animal” enquanto a “substância” e o “racional” enquanto a “cultura” devem permanecer duradouramente ou se a verdade do seer (ver abaixo) encontra no ser-aí um sítio deveniente – Sobre se o ente toma o ser como o seu “elemento maximamente genérico” e, com isso, o entrega à e soterra na ontologia ou se o seer em sua unicidade ganha voz e atravessa de maneira afinadora o ente enquanto algo singular. Sobre se a verdade como correção se degenera na certeza da re-presentação e na segurança do cálculo e da vivência ou se a essência inicialmente infundada da aletheia encontra um fundamento como a CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE – Sobre se o ente enquanto o que há de mais óbvio solidifica tudo o que é médio, pequeno e mediano em meio à sua transformação em algo racional ou se o que há de mais questionável constitui a solidez integral do seer – Sobre se a arte é uma instituição vivencial ou se ela é o pôr em obra da verdade. Sobre se a história é degradada e transformada em arsenal das confirmações e das antecipações ou se ela desponta como a cordilheira das montanhas estranhas e inescaláveis – Sobre se a natureza é rebaixada a uma região de espoliação pelo cálculo e pelo erigir e se transforma, assim, em ocasião de “vivência” ou se ela suporta como a terra que se cerra o aberto do mundo sem imagem. Sobre se a desdeização do ente na cristianização da cultura festeja seus triunfos ou se a indigência da indecidibilidade sobre a proximidade e a distância dos deuses prepara um espaço de decisão – Sobre se o homem ousa o seer e, com isso, o ocaso ou se ele se satisfaz com o ente – Sobre se o homem em geral ainda ousa a decisão ou se ele se entrega a ausência de toda decisão, que sugere a época como estado da “mais elevada” “atividade”. Todas essas decisões, que são ao que parece muitas e diversas, se reúnem em uma e única: saber se o seer se retrai definitivamente ou se essa retração se torna enquanto recusa a primeira verdade e o outro início da história. (tr. Casanova; GA65: 44)
No outro início, porém, o ente é de tal modo, para que ele suporte ao mesmo tempo a clareira na qual se encontra imerso, clareira essa que se essencia como CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE, isto é, do seer como acontecimento apropriador. No outro início, todo ente é sacrificado pelo seer, e, a partir daí, o ente enquanto tal obtém pela primeira vez a sua verdade. O seer, contudo, se essencia como acontecimento apropriador, como os sítios instantâneos da decisão quanto à proximidade e à distância do último deus. Aqui, na habitualidade incontornável do ente, o seer é o que há de mais inabitual; e esse estranhamento do seer não é um modo de sua aparição, mas ele mesmo. A inabitualidade do seer corresponde no âmbito da fundação de sua verdade, isto é, no ser-aí, à unicidade da morte. O mais terrível júbilo precisa ser a morte de um deus. Só o homem “tem” a distinção de se encontrar diante da morte, porque o homem é insistentemente no seer: a morte, a mais elevada testemunha do seer. (tr. Casanova; GA65: 117)
Acontecimento apropriador da fundação do aí deve querer dizer como genitivo objetivo que o aí, a essenciação da verdade em sua fundação (o mais originário do ser-aí), é apropriado em meio ao acontecimento, e a fundação mesma clareia o encobrir-se, o acontecimento apropriador. A viragem e o pertencimento da verdade (CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE) à essência do seer. (tr. Casanova; GA65: 130)
A suportabilidade insistente da CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE é assumida na determinação de uma busca, de um cuidado e de uma guarda do homem, que se apropria do ser em meio ao acontecimento, que se sabe pertinente ao ser como a essenciação do seer. (tr. Casanova; GA65: 173)
A partir da correção indicado apenas como condição, mas assim não ressaltado em si mesmo. O aberto: como o livre da ousadia do criar, como o desprotegido da exportação resolutora do caráter de jogado; os dois copertinentes em si como a CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE. O aí como acontecendo de maneira apropriadora no acontecimento apropriador. Esse elemento livre em contraposição ao ente. O desprotegido por meio do ente. O campo de jogo temporal da confusão e dos acenos. O pertencente ao ente. (tr. Casanova; GA65: 205)
1) O retorno crítico da correção para a abertura. 2) A abertura em primeiro lugar como a mensuração essencial da aletheia, que ainda se mostra nesse aspecto indeterminada. 3) Essa mensuração essencial determina ela mesma o “lugar” (tempo-espaço) da abertura: o em-meio-a clareado do ente. 4) Para que a verdade se destaque definitivamente de todo ente em todo e qualquer tipo de interpretação, seja como physis, seja como idea ou perceptum e objeto, algo sabido, pensado. 5) Agora, porém, com maior razão, temos a questão acerca de sua própria essenciação; essa só é de-terminável a partir da essência e essa essência a partir do seer. 6) A essência originária, contudo, é CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE, isto é, a verdade é a verdade originária do seer (acontecimento apropriador). 7) Essa clareira se essencia e é na suportabilidade criativa afinada: isto é, a verdade “é” como fundação do aí e como ser-aí. 8) O ser-aí é o fundamento do homem. 9) Com isso, entretanto, novamente formulado: quem é o homem. (tr. Casanova; GA65: 206)
Se a verdade se essencia como CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE, e se pertence à essência, de acordo com a niilidade do ser, a inessência, então a inversão da essência pode se difundir na essência, isto é, a dissimulação da clareira como aparência da essência e, com isso, essa dissimulação mesma em sua dimensão extrema, maximamente superficial, podem ser expostas, teatralizadas? Palco – a configuração do efetivamente real como tarefa dos cenografistas! (tr. Casanova; GA65: 223)
O que está voltado para o projeto nunca se mostra como um em si puro e simples, nem o que projeta consegue algum dia se colocar puramente por si, mas essa contenda em jogo no fato de que cada um dos dois se vira contra o outro, vinculando-se a ele e se referindo de volta a ele, é a consequência da intimidade, que se essencia na essência da verdade como CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE. Com uma mera dialética extrínseca da relação sujeito-objeto não se concebe nada aqui, mas essa relação mesma, fundada na correção como uma estaca da verdade, tem sua origem a partir da essência da verdade. Com certeza, essa origem da contenda e essa contenda mesma precisam ser agora indicadas. Para tanto, não é suficiente refletir apenas sobre a clareira e sobre a sua instituição por meio do projeto, mas é necessário em primeiro lugar que a clareira mantenha no aberto o que se encobre e que o arrebatamento fascinante que provém daí como determinante deixe afinar inteiramente o ser-si-mesmo daquele que projeta. Somente assim acontecerá algum dia a sobreapropriação junto ao ser e, nela, a atribuição apropriadora ao próprio jogador, razão pela qual ele chegará, por sua parte, a se encontrar pela primeira vez na clareira (do que se encobre), se tornando insistente no aí. (tr. Casanova; GA65: 229)
O abrigo volta do mesmo modo determinadamente a cada vez o encobrir-se para o aberto, tal como ele mesmo é atravessado de maneira soberana pela CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE. Por isso, junto a esse projeto da essência da verdade não há, por isso, nenhum lugar para uma interpretação inequívoca que é sempre uma vez mais sugerida da relação platônica. Pois o abrigo da verdade no ente não nos lembra demais a configuração da “ideia”, do eidos na hyle? Mas já o modo de falar “abrigo da verdade no ente” induz em erro, como se a verdade já pudesse ser sempre de antemão por si “verdade”. (tr. Casanova; GA65: 243)
A determinação histórica da filosofia tem seu ápice no conhecimento da necessidade de criar a escuta para a palavra de Hölderlin. O poder ouvir corresponde a um poder dizer, que fala a partir da questionabilidade do seer. Pois isso é o mínimo que pode ser realizado para a preparação do espaço da palavra. (Se é que tudo não foi invertido ainda e transformado no elemento “científico” e “historiológico-literário”, seria preciso dizer: uma preparação do pensamento para a interpretação de Hölderlin precisa ser criada. “Interpretação” com certeza não tem em vista aqui tornar “compreensível”, mas sim fundar o projeto da verdade de sua poesia na meditação e na tonalidade afetiva, nas quais o ser-aí por vir vibra) (cf Reflexões VI e VII Hölderlin). Essa caracterização histórica da essência da filosofia a concebe como pensar do seer. Esse pensar nunca pode fugir para o interior de uma figura do ente e experimentar nela toda a luz do simples a partir da riqueza reunida de sua obscuridade estruturada em suas junções. Esse pensar também não tem como seguir jamais a dissolução em meio ao amorfo. Esse pensar precisa capturar em um ponto aquém da distinção entre figura e ausência de figura (o que só se dá no ente), no abismo do fundamento da figura, o ímpeto de jogada de seu caráter de jogado e suportá-lo no aberto do projeto. O pensar do seer precisa pertencer ao que tem de ser pensado mesmo de uma maneira completamente diversa de todo e qualquer ajuste em relação ao elemento objetivo porque o seer não tolera a própria verdade como suplemento e como algo trazido para junto de si, mas “é” ele mesmo a essência da verdade. A verdade, aquela CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE, em cujo aberto os deuses e o homem são apropriados em meio ao acontecimento para a sua contra-posição, abre ela mesma o seer como história. Nós talvez precisemos pensar essa história, se é que devemos aprontar o espaço que em seu tempo precisa resguardar em ressonância a palavra de Hölderlin, que denomina uma vez mais os deuses e o homem; e isso para que essa ressonância afine aqueles tonalidades afetivas fundamentais, que determinam o homem por vir em meio à guarda da indigencialidade dos deuses. Essa caracterização da filosofia em termos da história do seer carece de uma explicitação, que auxilie o surgimento de uma lembrança do pensar até aqui (a metafísica), mas retransporte ao mesmo tempo o porvir para o interior da copertinência histórica. (tr. Casanova; GA65: 258)
A questão acerca do ser torna-se agora a questão acerca da verdade do seer. A essência da verdade é inquirida agora a partir da essenciação do seer, ela é concebida como a CLAREIRA DO ENCOBRIR-SE e, com isso, como pertencente à essência do seer mesmo. A questão acerca da verdade “do” seer desentranha-se na questão acerca do seer “da” verdade. (O genitivo é aqui um genitivo originariamente próprio, que nunca tem como ser apreendido por meio do genitivo “gramatical” até aqui). Agora, a questão acerca do seer não pensa mais a partir do ente, mas é requisitada necessariamente como o re-pensar do seer por meio do seer mesmo. O re-pensar do seer emerge desse ser como o entre, em cuja essenciação autoclareadora os deuses e o homem se re-conhecem, isto é, se decidem quanto à sua pertinência. Como esse entre, o seer não “é” nenhum adendo ao ente, mas aquele elemento essenciante, em cuja verdade pela primeira vez o (ente) pode chegar ao resguardo de um ente. Mas esse primado do entre não pode ser mal interpretado idealisticamente no sentido do “a priori”. A questão acerca do ser sob o modo do questionamento acerca da verdade do seer não chega mais em geral a um plano, no qual uma diferenciação como a entre idealismo e realismo poderia conquistar um fundamento possível. A consideração permanece com certeza aquém da pergunta sobre se, afinal, seria possível algo assim como pensar o seer mesmo em sua essenciação, sem partir do ente; se, afinal, toda e qualquer questão acerca do ser já não precisaria se mostrar inexoravelmente como uma réplica a partir do ente. Aqui se encontra de fato obstruindo o caminho a longa tradição da metafísica e o hábito daí emergente do pensar; sobretudo quando ainda a “lógica”, ela mesma uma descendente da despotencialização inicial do ser e da verdade, permanece sendo considerada como um tribunal absoluto, caído do céu, sobre o pensar. Neste caso, encontra-se definido “lógica” e definitivamente que o ser é conquistado como o universal a partir do ente; e isso mesmo quando se procura assegurar o ser em sua consistência também como um ente. Mas o seer, que precisa ser repensado em sua verdade, não “é” aquele elemento universal e vazio, mas se essencia como aquele elemento único e abissal, no qual se decide algo singular da história. Não se pode ficar naturalmente parado aqui sobre o solo da questão metafísica sobre o ser e exigir a partir desse ponto de vista um saber, que encerre em si, segundo a sua essência, o abandono desse ponto de vista, isto é, espacializar um espaço e temporalizar um tempo, que não foram apenas esquecidos ou não chegaram a ser suficientemente pensados na história da metafísica, mas que, ao contrário, são insuficientes para essa história, além de não serem necessários para ela. (tr. Casanova; GA65: 259)