Chambon (1990:9-13) – A experiência humana constitui-se de muitas maneiras diferentes

tradução parcial

O interesse principal das ” Tonalidades Afetivas ” parece-nos residir em duas descobertas: em primeiro lugar, o caráter fundamental da afetividade, que é a fonte e a raiz das outras funções psicológicas e espirituais do homem. A razão conceitual já não é um domínio autônomo que possa ser compreendido por si mesmo. Depois, há a divisão da afetividade em duas categorias fundamentais de experiência: as tonalidades felizes e as tonalidades depressivas. Estas experiências regem as diferentes maneiras de nos relacionarmos com a realidade. Este é o ponto essencial. A relação do homem com a realidade tem uma “estrutura”, é “construída” de uma forma que corresponde à sua tonalidade afetiva. Podemos distinguir duas “estruturas”: a primeira é a situação de abertura extática, descrita por Heidegger. Este tipo de relação com o mundo tem a sua experiência afetiva fundamental, a angústia, a partir da qual pode ser “analisada”. O.F. Bollnow critica Heidegger por ignorar o segundo tipo devido ao privilégio dado à tonalidade da angústia, que se tornou o critério explicativo dos outros. No entanto, as tonalidades afetivas não são as mesmas e algumas são mesmo especificamente diferentes. As suas diferenças conduzem a mudanças na forma como nos relacionamos com o mundo. As tonalidades felizes, que Heidegger não distingue das tonalidades angustiantes, não estão ligadas à experiência de abandono: pelo contrário, implicam o sentimento de ser transportado, de ser apoiado pela realidade. A experiência humana constitui-se de muitas maneiras diferentes, e esta multiplicidade não pode ser reduzida a um único exemplo privilegiado. A relação do homem com a realidade assume muitas formas, incluindo a situação analisada por Heidegger. A relativização desta última é um elemento notável da obra de O.F. Bollnow. As consequências são consideráveis.

original

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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