Carneiro Leão – A experiência grega da Verdade

Uma das expressões da Experiência grega da Verdade deve-se a Platão. Encontra-se no Livro VII do grande diálogo intitulado (514a-517a). Geralmente se conhece com o nome de República da tradução latina. A importância deste mito é fundamental para toda a evolução posterior, não apenas da filosofia mas do mundo e da história Ocidental. Platão nos apresenta, no sentido de nos tornar e fazer presente, a questão da verdade, como a questão matricial do mundo, do ser e realizar-se do homem. Por isso não poderemos esperar um teoria da verdade, no sentido moderno, i. é., epistemológico, da expressão. É um anacronismo próprio de todo epígono pretender que o questionamento platônico não seja uma boa teoria da verdade, por não proporcionar critérios de distinção entre o verdadeiro e o falso e, sobretudo, por excluir até a possibilidade de todo critério de verdade. É que a exigência de critérios só se impõe quando se perdeu força criadora e a continuidade das derivações ocupa todos os espaços. O modo platônico de questionar a verdade não pode ser nem uma boa nem uma má teoria da verdade. Pois não constitui teoria alguma. O Mito da caverna não se move nem se pretende mover no nível de uma teoria da verdade.

O que Platão nos apresenta é uma passagem e mudança nas peripécias da essência da verdade na experiência de pensamento dos gregos. A (verdade) está se transformando e metamorfoseando em . Ora, pensar a vigência da verdade não é construir uma teoria sobre a verdade, seja com ou sem critérios. Pensar a vigência da verdade é corresponder à verdade e não verdade da essência e o vigor de ser, tanto do conhecimento como do pensamento, tanto da ação como da omissão, tanto da predicação como do julgamento, com todos os seus critérios, parâmetros ou métodos de verificação e/ou falsificação. O questionamento da questão da verdade passa por outra dimensão e se move cm outro nível. Por isso mesmo não pode nem incluir nem excluir, seja em princípio seja de fato, a possibilidade de critérios da verdade. É tão radical o modo em que Platão põe e desenvolve a questão, que seu questionamento se torna o único questionamento em todos os problemas, em todas as questões do pensamento. (“A experiência Grega da Verdade”, ECO – Publicação da Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da UFRJ).

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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