alma e tempo

É importante observar que todas as reflexões sobre o tempo sempre trazem novamente à baila a co-pertinência do ser humano e do tempo, da «alma» e do tempo, do «espírito» e do tempo. Assim já diz, por exemplo, Aristóteles: «Vale a pena verificar como o tempo se relaciona com a alma» (Física IV, 14, 223 a 16 f). Se a alma não fosse capaz de perceber o tempo, de contá-lo (isto significa em sentido lato: de dizer algo dele), então seria impossível que o tempo fosse, se a alma não fosse (Idem 223 a 21 ff). Em resumo isto significa: se não houvesse alma não haveria tempo. Alma entende-se aqui como o ser perfeito e portador do ser humano (Entelechie; gr. entelecheia) [estado de completude e perfeição], e não no sentido moderno de eu-sujeito e eu consciência. Antes, para o pensamento grego o que distingue o homem é o perceber e o falar, cujo traço fundamental é sempre o develar, e não pode ser representado como um processo «imanente do sujeito». Em Agostinho lemos: «Em ti, meu espírito (animus, não anima), eu meço os tempos» (Confissões XI, 27). [SZollikon]