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ENSAIOS E CONFERÊNCIAS

GA7: Ciência e pensamento do sentido

Resumo esquemático do ensaio

domingo 28 de maio de 2017, por Cardoso de Castro

Resumo esquemático do ensaio de Heidegger, conforme a tradução em português de Carneiro Leão (Martin Heidegger, Ensaios e Conferências), juntamente com aporte de outras traduções

  • Wissenschaft   und Besinnung  
    • Ciência e pensamento do sentido (português, Carneiro Leão  , em Ensaios e Conferências)
    • Science et méditation (francês)
    • Science and Reflection (inglês)
  • Wissenschaft
  • Besinnung
  • Cultura - espaço em que se desenrola a atividade espiritual e criadora do homem, à qual pertence a ciência, sua prática e organização, enquanto um dos bens que o homem preza e se dedica.
  • A essência da ciência não se encontra em seu sentido de objeto cultural, assim como a essência da arte;
    • Lembrar do conceito de Heidegger de essência do homem como testemunha do ser.
    • A arte revela a verdade do real de um modo inteiramente consistente com nossa natureza essencial.
    • Em sua essência a arte é uma sagração e um refúgio, em que cada vez de maneira nova, o real presenteia o homem com o esplendor, até então encoberto de seu brilho a fim de que nesta claridade possa ver com mais pureza   e escutar com mais transparência o apelo da essência.
  • A ciência é um modo decisivo de se apresentar tudo que é e está sendo.
    • Assim como a técnica não é mera fabricação do homem
      • Na ciência moderna, H. vê uma destinação além da simples busca do saber.
    • Por isto determina em seus traços e em proporção crescente, a realidade na qual o homem de hoje se move e se sustenta.
  • O poder da ciência se desenvolveu e se mundializa.
    • Será a ciência um conjunto de poderes humanos capazes de se dominar pela vontade e decisão?
    • Será um destino superior?
    • Será que rege algo mais que um querer conhecer? De fato assim é e para desvendá-lo é necessário ir além das representações habituais.
      • Este algo mais consiste em uma conjuntura que atravessa as ciências, de modo encoberto. Sua formulação mais simples e direta seria: a ciência é a teoria do real.
        • A formulação é mais uma provocação ao questionamento que uma definição.
        • A fórmula se aplica a ciência moderna, mas não à ciência grega ou medieval.
        • Necessário diálogo com as origens do pensamento ocidental, na Grécia, para compreender a ciência moderna.
  • "A ciência é a teoria do real":
    • o que significa o real?
      • O real preenche e cumpre o setor da operação, daquilo que opera.
        • O real (das Wirkliche) preenche (erfüllt - preenche e realiza) o domínio do "obrante", daquilo que obra (francês).
        • O real (das Wirkliche) traz à plenitude o reino da obra (das Wirkenden), daquilo que obra (wirkt) - inglês.
      • Pensado originalmente pelos gregos como energeia  , "vigência-na-obra".
        • Algo que vige depois de ter chegado ao des-encobrimento
        • O termo adquire um novo sentido, de ser causado
          • Na mesma luz como Deus vem a ser pensado como "causa primeira".
          • Em tempos modernos, o modo de causação se move em direção a visão de "consequências", que se contrapõem a causa.
        • O que se desenrola é o conceito moderno de objeto e objetividade.
      • O termo real, na frase "a ciência é a teoria do real", não é simplesmente passivo mas nossa concepção e expectativas do real organizam a ciência em um modo específico
        • o que a ciência vai estudar como o real é o mundo apreendido sob a limitada noção de presença de objetos apenas.
    • o que significa teoria?
      • Teoria no sentido grego é "bios   theoretikos", o modo de vida do observador, "a observação que supervisiona a verdade".
      • Há um sentido moderno distinto, proclamado na frase "a ciência moderna como teoria do real".
        • Uma transformação do pensar devida a translação do termo para a língua romana (theorein  —>contemplari).
        • Ao afirmar que a ciência é objetiva, "desinteressada", "neutra", escamoteia-se um "interesse  " em ver a realidade de acordo com uma fórmula, onde os objetos se pré-definem, se agrupam e se categorizam.
      • A ciência enquanto "teoria do real" é necessariamente espacializada, departamentalizada, "disciplinada"…
  • A exemplo da técnica moderna, a ciência moderna valoriza uma relação sujeito-objeto.
    • O homem estabelece o real de modo objetificante, moldado para ser categorizado e medido.
    • Nos movemos do real como "o que se presentifica como "auto-exibição" para algo que é enquadrado segundo uma objetividade.
    • A relação sujeito-objeto é ordenadora, sendo ambos, sujeito e objeto, sugados como "dis-ponibilidades" (Bestand  ).
    • Está assim explicado porque a técnica moderna é baseada na aplicação da ciência moderna; o mesmo destino vige essencialmente em ambas.
  • Pode a ciência abarcar a natureza, e assim compreendê-la?
    • Não, a ciência só pode alcançar uma compreensão de um modo pelo qual a natureza se apresenta, ou melhor, se presentifica.
    • A natureza ela mesma está sempre exibindo a si mesma de outros modos inesperados.
    • A natureza, o homem, a história, a linguagem estão todos além do enquadramento da ciência; seus múltiplos modos de presentificação não se conformam a abordagem científica.
    • Isto significa que a ciência não pode cientificamente chegar a sua própria essência; assim peca em se auto-justificar.
    • Em outras palavras, e de modo atá arriscado, a ciência, vista como o melhor da racionalidade pelos modernos, não pode sustentar ou se tornar a base de qualquer reflexão séria sobre o ser humano ou sobre o significado da história.
    • Ao nos lançarmos na empreitada científica corremos o risco de fazer sucumbir qualquer modo genuíno de reflexão sobre nós mesmos e nossas vidas, às exigências do método científico.
    • Forçados a uma objetividade artificial nos vemos submetidos a contínuas surpresas quando a realidade não se apresenta sob a disciplina científica.

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