A LIBIDO (EROS)
A libido é simbolizada pelo sol, pelo fogo ou por heróis com atributos solares. Temos ai, analogicamente, a energia que revela a libido com a energia criadora do sol.
Os símbolos fálicos também a expressam, porque a vida genital é uma revelação da energia da libido. Encontramo-lo nos totens, nos camafeus babilônicos, entrenós nas figas, nas rodas compostas de falos para expressar o ritmo do amor (já obscenas), nas pedras colocadas nos caminhos, na serpente de fogo em torno do sol, ou voltada sobre si mesma, com chamas à volta, na lua em forma côncava, vasos, para indicar o feminino da libido, nas mãos de dedos abertos, etc.
A libido é masculina ou feminina, conforme a energia é ativa ou passiva, energia de determinar ou de ser determinado, porque, na determinação, há uma atividade.
A libido está conecta com a sexualidade, por que esta é a maneira de manifestar-se aquela, é um símbolo, portanto, por participação. A capacidade genital revela uma potência que se manifesta na esfera da vida animal, símbolo da libido universal, da grande potensão universal, que é energética 1.
“O símbolo fálico – expressa Jung – não significa o órgão sexual, mas a libido, e, igualmente, quando aparece claramente como tal, não alude a si mesma, mas representa um símbolo da libido. Com efeito, os símbolos não são sinais ou alegorias para uma coisa conhecida, mas tratam de indicar uma realidade pouco conhecida ou totalmente desconhecida.” (ib. pág. 234).
Poder-se-ia ainda acrescentar: também das coisas que as desejam ocultar, porque há símbolos para o que é oculto aos olhos do profano, como se verifica nas diversas ordens iniciáticas.
Considera Jung que tais símbolos são metáforas, mas é preciso reconhecer que, na metáfora, há uma analogia extrínseca, e, no símbolo, há sempre, para que seja tal, analogia intrínseca, uma participação, pois do contrário poderia tornar-se num mero sinal. Não se deve tomar como concretos os símbolos místicos, como muitos o fazem. A mãe ou o pai expressam modalidades da libido, por isso podem simbolizá-la. Considerar, por exemplo, os símbolos fálicos como apenas expressão do pênis seria superficialidade extrema. Simbolizando o pai ou a mãe, simbolizam a libido, que é um símbolo da energia da potensão, símbolo da onipotência do Ser Supremo, símbolo este, da Divindade.
- Em “Ontologia e Cosmologia” cunhamos esse termo potensão para expressar genericamente a “energia universal cósmica”, que surge em todas as crenças e pensamentos, filosóficos, a qual, por sua etimologia, expressa uma “tensão que pode”, uma energia potencialmente ativa, um poder de fazer, de determinar diversas modalidades de ser.[↩]