(VGKH)
Real (reell) / Real (real) / Efetivo (wirklich):
O alemão possui três termos distintos — real, reell e wirklich —, enquanto o francês (e o português) costumam reduzi-los a um só: “real”. Em Husserl, essa distinção é crucial:
1. “Reell” (traduzido como “real” no sentido fenomenológico):
– Refere-se à esfera da imanência fenomenológica, ou seja, aos componentes efetivamente presentes no vivido (Erlebnis), como a hylé e a noese.
– Opõe-se ao noema (componente intencional e transcendente), que não é “reell”, pois não está contido na consciência como um dado real, mas é visado por ela.
2. “Wirklich” (traduzido como “efetivo”):
– Designa uma modalidade de ser (efetivo, possível, provável etc.), correlata a uma modalidade dóxica (certeza, conjectura, hipótese etc.).
– O “efetivo” (wirklich) é aquilo que é o caso (como diria Wittgenstein) e envolve sempre uma crença — suspensa durante a epochè.
– Divide-se em dois tipos:
– Efetividades ideais: Como números na aritmética (que não são “reais” no sentido natural, mas são wirklich).
– Efetividades “reais” (realen): Como coisas do mundo natural.
3. “Real” (traduzido como “natural” ou “réal”):
– Para evitar confusão com reell, alguns tradutores (como S. Bachelard e P. Ricœur) optam por “realidade natural” ou pelo neologismo “réal”.
– Refere-se especificamente à realidade mundana, ao que pertence ao mundo físico e empírico.