A mira que lançamos sobre as ciências não deve ter em vista sua estrutura lógica e seu respectivo modo de ser na totalidade do sistema das ciências e disciplinas. Essas atribuições típicas poderiam se sustentar, e na falta de um problema poderiam prestar um auxílio que não fosse estéril; contra isso, a interpretação de uma ciência, sendo cada vez uma lógica própria e concreta, própria de um âmbito de coisas que em seu modo de ser se destaca de um modo de vida, só alcança fecundidade filosófica se, de antemão, estabelecer-se na problemática da [facticidade->Faktizitat] e na discussão da situação histórico-factual (historisch) viva [Diskussion der lebendigen historischen [?Situation]]. De outro modo, toda teoria da ciência se transforma numa perenização ingênua das casualidades históricas dos métodos e técnicas científicos.
[HEIDEGGER, Martin. Interpretações fenomenológicas sobre Aristóteles. Introdução à pesquisa fenomenológica. Tr. Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2011, p. 129]