Ding, Sache, chose, choses, coisa, coisas, thing, things, cosa, cosas
Ding, “coisa” , se distingue de Sache, “coisa, tema, causa, assunto”. Sache, assim como a palavra latina res, denotava originalmente um caso legal ou um assunto de interesse, enquanto que Ding era a “corte” ou “assembleia” diante da qual um caso era discutido (Inwood).
al hablar del ente como «cosa»; en castellano la expresión «cosa» es absolutamente neutral, y no implica ninguna particular caracterización ontológica. En cambio, en el alemán filosófico la palabra «Ding» está cargada de resonancias metafísicas. (Rivera; STRivera:Notas)
O pouco que se diz com a afirmação segundo a qual o «isto» é apenas uma característica subjectiva da coisa, pode deduzir-se do facto de podermos dizer, com a mesma legitimidade, que ela é «objectiva», porque objectum significa o que é projectado-para-diante-de. O «isto» visa a coisa na medida em que ela está diante de nós, quer dizer, é objectiva. (34)
O que é um «isto» (Dieses) não depende do nosso capricho ou da nossa vontade, mas, na medida em que depende de nós, depende também, em igual medida, da coisa. Apenas o seguinte se torna compreensível: determinação tais como o «isto», que utilizamos no âmbito da experiência quotidiana das coisas (alltäglichen Erfahrung der Dinge), não são tão evidentes como à primeira vista parece. Permanece totalmente em questão qual o modo de verdade sobre a coisa que está contido na sua determinação como um «isto». Permanece em questão de que gênero é, em geral, a verdade que temos na experiência quotidiana das coisas: se subjectiva, se objectiva, se uma mistura das duas, se nenhuma delas.
Até ao momento, vimos apenas que as coisas, a partir do domínio da experiência quotidiana, se encontram em verdades diferentes (o Sol do pastor e do astrofísico, a mesa de uso quotidiano e a mesa estudada pela ciência). Agora vê-se também que a verdade do Sol para o pastor, a verdade acerca da mesa de uso quotidiano – por exemplo, a determinação «este Sol», «esta mesa» – a verdade do «isto», permanece opaca na sua essência (Wesen). Como poderíamos querer, alguma vez, dizer algo acerca da coisa sem estarmos suficientemente esclarecidos acerca do modo de verdade (Art von Wahrheit) que lhe é próprio? Podemos, ao mesmo tempo, levantar a questão inversa: como é possível saber algo da verdade própria acerca da coisa, quando não conhecemos a própria coisa, para decidirmos que verdade lhe pode e deve ser atribuída?
Deste modo, torna-se claro que não podemos ir directamente até às próprias coisas; não porque ficássemos detidos no caminho, mas porque as determinações a que chegamos e que atribuímos às próprias coisas – espaço, tempo, o «isto» – se apresentam como determinações que não pertencem à própria coisa.
Por outro lado, não podemos recorrer ao expediente fácil que diz: quando as determinações não são «objectivas», são «subjectivas». Pode ser que elas não sejam nem uma coisa, nem outra, que a diferenciação entre sujeito e objecto e, juntamente com ela, a própria relação sujeito-objecto (Subjekt-Objekt-Beziehung), manifeste um retrocesso da filosofia, altamente questionável, se bem que muito difundido. (GA41CM:34-35)
VIDE: DING E DERIVADOS; SACHE E DERIVADOS
coisa
chose
thing
NT: Thing, thingliness (Ding, Dinglichkeit), 46-49, 54, 63-64, 67-69, 73-74, 79-83, 90-91, 96-100, 114, 121, 124, 130, 203-204, 369, et passim. See also Objective presence; Things at hand; Useful things (BT)
Em SZ a palavra Ding, “coisa”, é usada com um tom negativo: uma coisa é invariavelmente vorhanden. “Reificar”, verdinglichen, por exemplo, a consciência (SZ, 46, 437), tratá-la como uma coisa quando ela não é uma coisa, é uma falha central dos filósofos do passado. Mais tarde, Ding passa a ser usada positivamente (GA31, 56ss; COISA, 157ss/165ss). Considerar algo como Ding é deixá-lo ser o que é sem interferência alguma. Heidegger está agora mais preocupado com os danos da tecnologia do que com a reificação dos filósofos. Um tipo de Ding é a obra de arte, que possui alguma afinidade com Zeug e alguma afinidade com a natureza ou Vorhandenes, mas difere de ambos (UK, 10ss/146ss). (DH)
Uma mera coisa é, por exemplo, este bloco de granito. E duro, pesado, extenso, maciço, disforme, áspero, colorido, em parte baço, em parte polido. Tudo isto que enumerámos pode ser visto na pedra. Assim, tomamos conhecimento das suas notas características. Porém, as notas características dizem respeito àquilo que é próprio da pedra ela mesma. São as suas propriedades. A coisa tem-nas. A coisa? Em que é que pensamos quando consideramos agora a coisa? A coisa não é, manifestamente, apenas o aglomerado das notas características, nem sequer o amontoado das propriedades mediante o qual, somente, o conjunto surge. A coisa é – como todos julgamos saber – aquilo em torno do qual as particularidades se reuniram. Fala-se do núcleo (Kern) das coisas. Os gregos terão chamado a isto τὸ ὑποκείμενον. Este carácter nuclear (Kernhafte) das coisas era, decerto, para eles, o que (está) sempre já anteposto como base (Vorliegende). Pelo contrário, as notas características chamam-se τα συμβεβηκότα, aquilo que também sempre já se pôs junto àquilo que, em cada caso, está anteposto, e que se apresenta em conjunto com ele. (GA5:7; Borges-Duarte)