Zimmerman (1982:xxiv) – Momento-de-visão (Augenblick)

destaque

Em primeiro lugar, considero a origem da noção de temporalidade autêntica (o “momento-da-visão”) na ideia do Novo Testamento do “tempo do cumprimento” (kairos). (…) À medida que o pensamento de Heidegger amadureceu, interpretou a temporalidade autêntica menos na perspectiva do indivíduo resoluto e mais como um acontecimento histórico que ocorre através do poeta, do pensador ou do artista destinado a receber uma nova revelação do Ser. O eu autêntico é o recipiente a ser esvaziado (kenosis) para que o Ser possa manifestar-se de uma forma que mude a história. Enquanto o leitor pode identificar-se, até certo ponto, com o eu autêntico descrito em Ser e Tempo, torna-se mais difícil fazê-lo com a figura heroica descrita em algumas das obras posteriores de Heidegger. O herói tem de lutar para se manter aberto à revelação que acontecerá através dele; não pode, contudo, querer que ela aconteça. A autenticidade acontece; ele não a escolhe. A revelação que lhe é concedida, além disso, não é para ele, nem mesmo para a humanidade, mas é um episódio na “história do Ser”.

original

[Michael E. Zimmerman, Eclipse of the Self. Athens: Ohio University Press, 1982, p. xxiv]

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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