Wrathall (2011:5) – não há des-encobrimento definitivo

“Tudo está no caminho”, disse Heidegger. Com isso, ele quis dizer algumas coisas. Primeiro, que não havia meta ou destino final para seu pensamento, que não era possível chegar a um ponto em que tudo estivesse claro, em que todos os problemas estivessem resolvidos, em que tivéssemos respostas definitivas para os problemas filosóficos. A razão para isso está na natureza do próprio des-encobrimento — não há uma maneira correta de ser humano, não há uma maneira exclusivamente correta de ser uma entidade, não há uma maneira correta de o mundo ser organizado, não há uma maneira única do desencobrimento do mundo funcionar. Como resultado, tudo o que podemos esperar da filosofia é um insight sempre renovado e refinado sobre o funcionamento do des-encobrimento.

Nessa visão da filosofia, o progresso consiste em ver e descrever os fenômenos do des-encobrimento de forma mais perspicaz e comunicar essas percepções com mais sucesso. A tarefa de um filósofo é manter seu pensamento em constante movimento, experimentando novas maneiras de explorar produtivamente o domínio filosófico, permanecendo nelas enquanto for proveitoso, mas também abandonando-as e partindo para um caminho diferente quando o caminho anterior estiver esgotado. O objetivo é participar do des-encobrimento, trazendo-o à nossa consciência, aumentando nossa sensibilidade e capacidade de resposta a ele.

(WRATHALL, Mark A. Heidegger and unconcealment: truth, language, and history. Cambridge ; New York: Cambridge University Press, 2011)