“Tudo está no caminho”, disse Heidegger. Com isso, ele quis dizer algumas coisas. Primeiro, que não havia meta ou destino final para seu pensamento, que não era possível chegar a um ponto em que tudo estivesse claro, em que todos os problemas estivessem resolvidos, em que tivéssemos respostas definitivas para os problemas filosóficos. A razão para isso está na natureza do próprio des-encobrimento — não há uma maneira correta de ser humano, não há uma maneira exclusivamente correta de ser uma entidade, não há uma maneira correta de o mundo ser organizado, não há uma maneira única do desencobrimento do mundo funcionar. Como resultado, tudo o que podemos esperar da filosofia é um insight sempre renovado e refinado sobre o funcionamento do des-encobrimento.
Nessa visão da filosofia, o progresso consiste em ver e descrever os fenômenos do des-encobrimento de forma mais perspicaz e comunicar essas percepções com mais sucesso. A tarefa de um filósofo é manter seu pensamento em constante movimento, experimentando novas maneiras de explorar produtivamente o domínio filosófico, permanecendo nelas enquanto for proveitoso, mas também abandonando-as e partindo para um caminho diferente quando o caminho anterior estiver esgotado. O objetivo é participar do des-encobrimento, trazendo-o à nossa consciência, aumentando nossa sensibilidade e capacidade de resposta a ele.
(WRATHALL, Mark A. Heidegger and unconcealment: truth, language, and history. Cambridge ; New York: Cambridge University Press, 2011)