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TAMINIAUX, Jacques (1928-2019)

  • (…) Em Heidegger, como foi o caso em Hegel, o enfoque deliberadamente metafísico da leitura (das tragédias gregas) leva à seleção de certos heróis e à elevação destes à categoria de efígies ontológicas: em Heidegger, o Prometeu de Ésquilo, testemunha da luta contra o superpoder do ser e o Édipo de Sófocles, encarnação da paixão…

  • No entanto, parece-nos notável que tenha sido no contexto de uma interpretação da parábola platônica da caverna que, pouco depois de Sein und Zeit, tenham sido anunciados novos desenvolvimentos relativos à arte, mas também à política, no que diz respeito à theoria como visão do ser. Estamos a referir-nos à conferência do semestre de inverno…

  • (…) Heidegger retoma a distinção aristotélica entre techne, como um modo de desencobrimento que ilumina a produção de artefactos ou efeitos determinados, e phronesis, como um modo de desencobrimento que ilumina a conduta da vida. Por outras palavras, concorda com Aristóteles que a arte é um modo de descoberta adaptado à produção de obras ou…

  • No seu projeto, a ontologia fundamental pretendia mostrar que há apenas um horizonte de inteligibilidade para os vários sentidos da palavra “ser”, a saber, a temporalidade finita constitutiva do ser que somos: o Dasein. Mostrar que a questão do sentido do ser encontra a sua resposta no tempo mortal que cada Dasein é é considerar…

  • O Livro X do diálogo (A República) defende que a criação artística não é mais do que um efeito especular. Tal como um espelho pode refletir tudo o que é visível aos olhos humanos, também o artista, quer se exprima através de imagens, sons ou palavras, é capaz de imitar todas as coisas tal como…

  • O que esta genealogia histórica nos ensina é confirmado pela análise fenomenológica da intencionalidade específica do comportamento produtivo. De facto, a orientação específica deste comportamento e o modo como apreende aquilo com que se relaciona implicam uma compreensão específica do ser do que se pretende como produzido ou produzível, ou não tendo de ser produzido.…

  • Enquanto a poiesis, ou atividade de produzir, é marcada pela univocidade do seu plano, dos seus meios, do seu objetivo, a atividade de praxis, na medida em que liga indivíduos a outros indivíduos, é radicalmente ambígua. Com efeito, a atividade de produzir define-se simultaneamente no seu início — o plano estabelecido pelo produtor — ,…

  • Colocarei em evidência em minha proposição as palavras de Aristóteles no início da Política: “o de bios praxis ou poiesis estin” (1254a). Estas palavras concernem a vida não no sentido da zoe mas no sentido do modo de ser ou de existir dos humanos (bios). Elas dizem: o modo de ser dos humanos não consiste…

  • “Qual é então, qual é o homem, que compreende um Dasein mais domesticado e ajustado do que o necessário para se manter na aparência (Schein) para depois — como aparente (scheinender) — declinar (nomeadamente fora do se-tenir-franchement-debout-en soi-même)?” (GA40, 82; 120) Que Heidegger comenta da seguinte forma: a aparência (das Scheinen) como um “desvio do…

  • Portanto, toda esta ordem que caracteriza o nosso campo de consciência em toda a sua amplitude, quer se trate das percepções empíricas de cada indivíduo, quer das leis e teorias estabelecidas pelas ciências, toda esta ordem que parece fazer do mundo da representação o próprio lugar da verdade, Schopenhauer afirma que não passa de um…

  • Segundo Heidegger, devemos aos primeiros pensadores gregos o fato de terem articulado nos seus escritos, a propósito do ser, três modalidades do polemos aleteico: ser e devir, ser e aparência, ser e pensamento. É verdade que há uma quarta maneira de situar o ser em relação ao seu outro: a distinção entre ser e dever-ser.…

  • A ontologia do Dasein de Heidegger reapropria-se destas análises aristotélicas [da Ética a Nicômaco], ao mesmo tempo que as metamorfoseia criticamente. Heidegger retoma a distinção aristotélica entre techne, como um modo de descoberta que ilumina a produção de artefactos ou efeitos determinados, e phronesis, como um modo de descoberta que ilumina a conduta da vida.…

  • “A possibilidade de que a investigação histórica possa ser útil ou prejudicial à vida baseia-se no fato de que a própria vida é histórica (geschichtlich) na raiz de seu ser, e que, portanto, ela já se decidiu, na medida em que existe de fato por uma historicidade autêntica ou inautêntica”. Nietzsche (na 2ª Intempestiva) reconheceu,…

  • Se nos voltarmos para o Heidegger de Sein und Zeit, veremos que, nele, não há privilégio para a atividade de fazer-obra. Pelo contrário, ela é relegada à vida cotidiana, que é, por definição, inautêntica, e é explicitamente declarado que essa atividade só pode dar origem a uma historicização inautêntica. De modo mais geral, podemos ver…

  • Tal como a techne, relata Heidegger, a phronesis envolve uma deliberação. Tal como acontece com a techne, a deliberação da phronesis é, enquanto tal, relativa a algo que pode ser de outro modo. Mas é aí que termina a semelhança entre os dois modos deliberativos: eles são essencialmente diferentes no que diz respeito ao seu…

  • (…) Heidegger traduz deinon por Unheimliche, palavra que em Sein und Zeit designava o fenômeno primordial revelado pela angústia, a saber, que ontológica e existencialmente o Dasein está no mundo, não no modo como se habita uma morada familiar, mas no modo do “não estar em casa” (SZ §40). Ao afirmar desde o início que,…

  • Heidegger conclui que a techne é um modo de aletheuein, de desvelamento. Neste sentido, ela lida com a (169) verdade, e é o ser humano, aquilo a que Heidegger chama Dasein, que é o seu detentor. Aos olhos de Heidegger, em busca de uma ontologia do Dasein, esta caracterização da techne, da aptidão desveladora do…

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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