Tag: Marcia Schuback

  • Como sentido de ser, o devir de si mesmo é movimento de busca e conquista. Ser não é um dado. Ser não é um ente e nem uma substância. É, ao contrário, o que foge e escapa em cada dado, ente e substância. Sobre este caráter “absurdamente” fugidio de ser, Pascal escreveu, numa passagem dos…

  • Entendido como um “fora de si”, o “eu” descobre em seu princípio um “passado”, um antes da analogia de ser-como-alguma-coisa e, portanto, um antes de si mesmo. A suposição de um passado do eu exprime, desta maneira, a suposição de uma história do eu, de uma história da consciência. Esta suposição que identifica o pensamento…

  • É no Sistema do idealismo transcendental (1800) que Schelling vai apresentar o primeiro grande embasamento do termo intuição intelectual enquanto visão do começo absoluto de deus, da irrupção do absoluto em mundo e natureza. Este embasamento propicia as linhas fundamentais da chamada primeira filosofia ou filosofia negativa, que se define como tentativa de sistematização do…

  • “Por que há alguma coisa e não antes o nada?” Esta famosa interrogação de Leibniz sobre o sentido de ser acontece, para Schelling, em toda a sua força de realidade no encontro com a indeterminação radical a que o homem está lançado. Pois o que este encontro propicia é a “negatividade” principial do devir. Em…

  • Costuma-se denominar de passado o que fica para trás relativamente a um novo começo, a um novo presente. Contudo, o ficar para trás do passado não pode significar o que se perde definitivamente. Pois se fosse possível perdê-lo definitivamente não mais se poderia evocá-lo como passado e, desta maneira, atribuir-lhe presença mesmo tratando-se de uma…

  • Filosofar, fazer reflexões filosóficas em tempos de pandemia, no Rio, no Brasil? O que isso quer dizer? O que quer dizer filosofar, fazer reflexões filosóficas em tempos de pandemia num país que conhece desde sempre epidemias bióticas, sociais, políticas; num país onde os indígenas, desde o começo da era moderna, foram e continuam a ser…

  • Com o que disse até agora, podemos ver que na tradução da palavra-fonte, da indicação formal ‘Dasein’ em Ser e Tempo está em jogo não tanto um problema técnico, mas uma das grandes questões do pensamento de Heidegger. Traduzir Dasein é traduzir um sentido substantivo e substancial de ser como ser simplesmente dado para o…

  • Partindo da exemplaridade humana, deve-se, agora, tentar desfazer um grande mal-entendido quanto ao papel privilegiado da condição humana no pensamento de Schelling. Parte importante da literatura dedicada à sua interpretação entende este papel como a vigência de um “princípio antropomórfico” em sua filosofia. Assim tomada, a “exemplaridade” humana explicitar-se-ia como o mero espelhamento de uma…

  • No tempo da interpretação, a conversa entre criadores de tempos distantes, distintos e impossíveis de serem alcançados cronologicamente não deve ser entendida como uma conversa imaginária, mas como imaginação. A imaginação não é uma fraqueza do entendimento, que começa onde acaba o entendimento e as suas ciências, dentre elas a ciência historiográfica. O exercício do…

  • Como acontecimento temporal e verbal, Dasein não corresponde a um acontecimento no tempo, mas à temporalidade do acontecer. Este é o sentido da temporalidade para Heidegger. Temporalidade não é um termo mais elaborado para insistir na sucessão das ekstases do tempo – passado, presente e futuro. Temporalidade, diz Heidegger, temporaliza-se como “porvir atualizante do vigor…