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JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980)
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(Bornheim1989) Na sua primeira fase, Sartre fala em ontologia e pretende dar conta da condição humana como tal; a partir dos anos 60 prefere a palavra antropologia, publica a Crítica da razão dialética e pergunta pela condição humana tal como ela se manifesta hoje. A grande virada concentra-se toda na descoberta da história, entendida através…
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(Bornheim1989) O tema da liberdade é o núcleo central do pensamento sartriano e como que resume toda a sua doutrina. Sua tese é insólita: a liberdade é absoluta ou não existe. Sartre recusa todo determinismo e mesmo qualquer forma de condicionamento. Assim, ele recusa Deus e inverte a tese de Lutero; para este, a liberdade…
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(Bornheim1989) O grande desbravador de caminhos, nesta questão, foi Hegel. A sua intuição genial, expressa na dialética do mestre e do escravo, foi mostrar que a consciência depende, em seu próprio cerne, para ser, do reconhecimento de outra consciência: eu só sou na medida em que o outro me reconhece como tal. Heidegger não é…
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(Bornheim1989) A experiência da náusea põe de manifesto ao menos três coisas. Em primeiro lugar, a necessidade de converter a revelação do absurdo em um sentido que justifique a existência humana: o existencialismo deve ser um Humanismo. Em segundo lugar, a náusea revela, para mim mesmo, que eu sou consciência – a consciência é o…
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(Bornheim1989) A questão do método é muito ampla, mesmo porque o pensamento de Sartre se desdobra em três fases fundamentais. A primeira, em que se constitui o existencialismo propriamente dito, dominada pela principal obra de Sartre, O ser e o nada (1943), adota o método fenomenológico. A Segunda, inspirada por preocupações de ordem marxista, assimila…
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(Bornheim1989) O existencialismo é das doutrinas mais características de nosso século. Todo o seu empenho está em pensar o indivíduo concreto, a partir de sua existência cotidiana, desprovida de qualquer relevo especial. O único filósofo que aceita a palavra existencialismo para designar a sua própria doutrina é Sartre. Mas ele toma de Heidegger (outro filósofo)…
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(…) a cada instante somos lançados no mundo e ficamos comprometidos. Significa que agimos antes de designar nossos possíveis, e estes, que se revelam realizados ou em vias de se realizar, remetem a sentidos que, para serem postos em questão, requerem atos especiais. O despertador que toca de manhã remete à possibilidade de ir ao…
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Lendo Sartre e Heidegger sobre a questão da “escolha”, que se pode depreender? “Nosso” ser, este aí-se-é 1], é escolha “originária”. E esta escolha é no mais das vezes “impessoal” do “a-gente” (das Man) que escolhe papel e interpretação do si-mesmo em formato de “mim-mesmo” em atos-fatos. A consciência é a vidraça transparente à escolha…
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Ter, fazer e ser são as categorias cardeais da realidade humana. Classificam em si todas as condutas do homem. O conhecer, por exemplo, é uma modalidade de ter. Essas categorias não carecem de conexões mútuas, e muitos autores insistiram em tais relações. Foi uma relação dessa espécie que Denis de Rougemont deixou clara ao escrever…
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Poderíamos ser tentados a contrastar o em-si com o para-si, como o cheio com o vazio, o ser com o nada. No entanto, mesmo que seja verdade que Sartre define por vezes o para-si como “um buraco no ser”, uma tal apresentação seria demasiado inexacta. Tanto o em-si como o para-si descrevem dois tipos de…
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O Jornal Existencial Online publicou uma entrevista exclusiva, feita pela psicóloga Flávia Machado, com um dos mais respeitados representantes do Existencialismo no Brasil, o filósofo, professor e doutor Gerd Bornheim. Segue a íntegra da entrevista, que foi realizada no dia 14 de abril e complementada no dia 07 de julho de 2000. FLÁVIA: Como o…
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“Ele a comia com os olhos”. Esta frase e muitos outros signos marcam bastante a ilusão comum ao realismo e ao idealismo (destaques nosso), segundo a qual conhecer, é comer. A filosofia francesa após 100 anos de academicismo, ainda se prende a essa ilusão. Nós todos lemos Brunschvicq, Lalande e Meyerson, nós todos acreditamos que…
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Jean-Paul Sartre foi um dos primeiros escritores do século XX sobre o assunto [emoções] a romper com esta tradição. Fê-lo de forma incompleta, mas vou argumentar que lhe deve ser atribuída uma alternativa persuasiva ao modelo antigo de invasão por parte de “espíritos animais” e fisiológicos estranhos que atacam os nossos padrões normais de comportamento…
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À l’occasion du centième anniversaire de la naissance de Jean-Paul SARTRE, le livret et l’exposition sur affiches invitent à lire et découvrir l’auteur de La Nausée. « Refusant la position du chien de garde, comme celle du clerc, Sartre a incarné cet intellectuel en révolte contre lui-même, contre sa classe et sa culture et il…
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Disse um dia Ponge, num belíssimo artigo: «O homem é o futuro do homem.» É inteiramente exato. Todavia, se por tal se entende que esse futuro está inscrito no Céu, que Deus o vê, nesse caso é falso, porque então não seria sequer um futuro. Se entendermos que, seja qual for o homem, há um…
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O «fenômeno» Jean Paul Sartre não interessa somente à filosofia, ao teatro, ou à literatura, — é um «fenômeno» que implica com os próprios costumes. Se em um certo momento, isto é, no após-guerra, o existencialismo se tornou uma moda e ultrapassou o círculo restrito dos especialistas, criando à sua volta «uma atmosfera de curiosidade…