Tag: (A) Nancy

JEAN-LUC NANCY (1940)

Site SOFIA

  • Res extensa — res cogitans: coisa extensa, coisa pensante. Substância de partes exteriores umas às outras, substância sem partes, reunida em relação a si mesma (sentir, conceber, julgar, querer, imaginar, também amar…). Tomamos o hábito de concebê-las de modo apressado e preguiçoso, como duas coisas colocadas uma ao lado da outra, estranhas uma à outra,…

  • “Alguém”, ela ou ele, como se diz “é ele mesmo” diante de uma foto, enunciando com esse “mesmo” a sobreposição de um descompasso, a adequação do inadequado, que não se refere a nada além do que ao “instantâneo” do instante, que não é exatamente nada além de seu próprio descompasso. A foto, refiro-me à foto…

  • Dizemos: “as pessoas são bizarras”. Essa frase é uma de nossas afirmações ontológicas mais rudimentares e constantes. E, de fato, ela diz muito. “As pessoas” são todos os outros, indistintamente, designados como o conjunto das populações, linhagens ou raças (inclinações), dos quais quem fala se exclui, consequentemente. (No entanto, ele se exclui de uma maneira…

  • A origem é afirmação; a repetição é condição da afirmação. Eu digo: “isso é, que isso seja”. Não é um “fato”, e não tem nada a ver com uma avaliação de qualquer espécie, é o recorte de uma singularidade em sua afirmação do ser: um toque de sentido. Não é outro ser, é o singular…

  • De um singular a outro, há contiguidade, mas sem continuidade. Há proximidade, mas na medida em que o extremo do próximo acentua o afastamento que o perfaz. Todo o ente toca todo o ente, mas a lei do toque é a separação, e mais ainda, é a heterogeneidade das superfícies que se tocam. O contato…

  • Tudo se passa, portanto, entre nós: esse “entre”, como o nome indica, não tem consistência própria nem continuidade. Não conduz de um ao outro, não forma tecido, nem cimento, nem ponte. Talvez nem seja justo falar de “vínculo” a esse respeito: não está ligado nem desligado, aquém dos dois, ou então, é o que está…

  • A circulação vai em todas as direções: tal é o pensamento nietzschiano do “eterno retorno”, a afirmação do sentido como a repetição do instante, apenas essa repetição e, consequentemente, nada (já que se trata da repetição daquilo que essencialmente não retorna), mas essa repetição já compreendida na afirmação do instante, nessa afirmação-petição (re-petitio) apreendida no…

  • Hoje se repete que perdemos o sentido, que estamos em falta e, consequentemente, em necessidade e expectativa de sentido. O “se” (fr. «on», impessoal, das Man) que fala assim negligencia apenas pensar que ainda faz sentido ao propagar esse discurso. O lamento de um sentido ausente ainda faz sentido. Mas não o faz apenas de…

  • É tempo, afinal, portanto, de interrogar mais precisamente esta posição de Heidegger. Pois trata-se, a princípio, de uma posição: pura evocação, se assim se preferir, puro “apelo”; mas nada aparentemente que se assemelhe a um uso, isto é, a uma leitura. De fato, apenas evocado o filosofema heideggeriano o “homem no sendo” (Escritos, 527), se…

  • Costuma-se dizer hoje que perdemos o sentido, que ele nos falta e, como resultado, estamos precisando e esperando por ele. Quem fala assim esquece que a própria propagação deste discurso é plena de sentido. Lamentar a ausência de sentido em si tem sentido. Mas este lamentação não tem sentido apenas neste modo negativo; negar a…

  • Apresentar o pensamento da ética em Heidegger envolve uma dificuldade tríplice, cujos termos inevitavelmente precisam ser definidos, pelo menos em breve. Primeiro de tudo, o envolvimento nazista de Heidegger, depois seu silêncio quase completo sobre os campos de concentração, marcaram sua memória (mesmo fora de qualquer julgamento político adequado) com uma mancha moral que muitos…

  • Um mundo “visto”, um mundo representado, é um mundo dependente do olhar de um sujeito do mundo (sujet du monde). Um sujeito do mundo (ou seja, também um sujeito da história) não pode, ele próprio, ser/estar no mundo (être dans le monde). Mesmo sem uma representação religiosa, um tal sujeito, implícito ou explícito, perpetua a…

  • Tal é a identidade daquilo a que chamamos, em qualquer sentido possível, um sujeito ou o sujeito — que é, sempre e em última análise, o sujeito filosófico. Esta identidade não é a simples posição abstrata de uma coisa como sendo imediatamente o que é e apenas o que é; antes, actualiza-se como uma apreensão…

  • Digamos “nós” para todo o ente, isto é, para cada ente, para todos os entes um a um, cada vez no singular do seu plural essencial. A linguagem fala por todos e de todos: para todos, no seu lugar, no seu nome, incluindo aqueles que não têm nome. A linguagem diz o que há do…

  • Assim como não pode morrer — “seriamente” não pode morrer, se é que podemos dizer isso com uma cara séria — o sujeito não pode nascer, ou mesmo não pode dormir. Imortal, não engendrado e insone: esta é a tripla negação sobre a qual a vida do espírito se ergue, imperturbavelmente adulta e acordada. A…

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

Designed with WordPress