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WILLIAM MCNEILL (1961)

  • No entanto, a aparência exterior ou “aspecto” de algo, que de alguma forma chega a excitar e despertar antecipadamente o desejo de curiosidade, enigmaticamente dando origem à sua emergência, está também no ponto de partida do desejo filosófico. Aussehen, a aparência exterior, o aspecto ou a aparência de algo, é a tradução de Heidegger do…

  • No caso da terceira pergunta — Podemos nos transpor em outro ser humano? — a própria pergunta, indica Heidegger, não tem sentido. Não porque o ir-junto-com o outro ser humano seja impossível, mas porque nós, como seres humanos, já estamos transpostos para outros seres humanos no próprio modo de existir. Na medida em que o…

  • O argumento de Sócrates torna claro que, pelo menos na apreensão humana, os órgãos dos sentidos (em grego, organon) não são, por si só, aquilo que ativamente faz a percepção; pelo contrário, são apenas aquilo através do qual a percepção ocorre. Os órgãos dos sentidos são meros canais ou “instrumentos” da percepção, como o grego…

  • Expressamente escolher si mesmo aqui se refere à existência autêntica, como Heidegger segue indicando, que demanda “total auto-engajamento”, isto é, expressamente atuar sua própria finitude, a finitude do eu concretamente existente, corporificado. Esta atuação explícita de pleno auto-engajamento acarreta vir a ver, e assumir como as bases de suas ações, a finitude que o Dasein…

  • Vimos, então, um número de surpreendentes similaridades na compreensão do si mesmo no Heidegger inicial e no Foucault tardio: (1) O si mesmo é concebido ontologicamente, como uma relação ao si mesmo que é fundamentada na possibilidade da liberdade. “Cuidado de si” em Foucault, ou a existência autêntica em Heidegger, designam um cuidado pelo ser,…

  • Uma compreensão autêntica dessa dependência da finitude e do que é finitamente dado em uma situação foi desenvolvida pela primeira vez explicitamente por Heidegger em suas análises da historicidade em Ser e Tempo. Como indicamos nos capítulos 3 e 4, a analítica do Dasein esclarece a maneira pela qual todo comportamento teórico está enraizado no…

  • Heidegger aqui se despede não apenas do conceito vulgar de liberdade como “fazer o que quisermos”, mas também do conceito kantiano de liberdade como causalidade da vontade limitada pela lei da autonomia. Os seres humanos não são em si a “causa” de suas ações. As ações humanas não têm uma “causa” ou origem simples neste…

  • Em primeiro lugar, deve notar-se que Heidegger traduz o grego oregontai (de orexis, geralmente traduzido como “desejo”) por Sorge, cuidado. O cuidado é, naturalmente, o termo utilizado em Ser e Tempo para designar o ser do Dasein, o ser daquele ente que nós próprios somos. Existindo como cuidado, o Dasein não só já está no…

  • Mas qual é exatamente o papel da aisthesis prática na phronesis? Phronesis é descrito como um meta logon hexis; ocorre por meio de deliberação, de dizer algo através do logos. Esta deliberação segue a forma de um “silogismo” prático ou dedução. No entanto, como Heidegger constantemente enfatiza em sua interpretação do Livro VI (Ética a…

  • (…) O saber como ter-visto é descrito como uma preservação da obra, um deixar-ser, uma capacidade de “deixar a obra ser uma obra”; significa tanto uma abertura para o ser como um não encobrimento, como assumir uma posição dentro daquilo a que Heidegger chama das Ungeheure deste des-encobrimento, tal como ocorre na obra (GA5, 54-55).…

  • O que é notável não é apenas o fato de a linguagem que se tornaria a de (Ser e Tempo) estar sendo usada para traduzir a Ética a Nicômaco de Aristóteles, mas também que um certo deslocamento do pensamento de Aristóteles parece estar em andamento. Pois o que a tradução de Heidegger enfatiza, apreendendo o…

  • (…) Heidegger observa que a primazia filosófica concedida à visão foi reconhecida particularmente por Agostinho no Livro X das suas Confissões, que discute a concupiscentia oculorum, o desejo do olho. “A verdade originária e genuína”, como diz Heidegger (3), “reside no puro contemplar [ou intuir: Anschauung]. Esta tese continua a ser o fundamento da filosofia…

  • (…) A primeira e mais óbvia destas [três concepções do desejo de ver] seria o desejo quotidiano de ver, tal como se manifesta na nossa curiosidade quotidiana. O desejo por detrás deste “ver”, enquanto modo de compreensão do Dasein, não se limita a ver com os olhos (SZ, 170). Abrange também, por exemplo, o desejo…

  • The present study (The Time of Life) seeks to explore Heidegger’s understanding of êthos — of the originary dimension of the ethical and of human action — conceived in terms of the time of life and the temporality of human existence. Êthos for Heidegger means our dwelling, understood temporally as a way of Being, yet…

  • A interpretação desta curiosidade quotidiana como um desejo apenas de ter visto já aponta para uma segunda concepção possível (da vontade de ver), que seria a do desejo filosófico de ver, tal como representado pela história da ontologia ou da metafísica. Esta vontade procuraria, de fato, ver, mas desta vez numa forma de apreensão não…

  • O Thaumazein, então — como Ser e Tempo já indicou — não deve ser identificado com curiosidade. Se existe um certo desejo relativo a tal maravilha ou “espanto” (Er-staunen) — pois este último só é experimentado na medida em que a techne humana se volta para e se depara com a physis, contra a prevalência…

  • As we have seen, Heidegger developed his conception of destruction well before Being and Time. Although the first appearance of the term Destruktion is a mention in the course on Basic Problems of Phenomenology from winter semester 1919–1920 (GA58, 139), the theme is already anticipated the previous semester, in his course on Phenomenological and Transcendental…

  • (…) Se o pensamento já não está limitado ao horizonte da fenomenalidade, da auto-revelação das coisas, o que é que o impede de se tornar arbitrário ou caprichoso? A que é que estará limitado? Se a base ou o fundamento ôntico da ontologia já não é o ente que compreende o ser, então em que…

  • Aristóteles começa sua investigação comparativa considerando a episteme (Ética a Nicômaco VI). O conhecimento epistêmico tem como objeto algo que existe por necessidade e é eterno (aidion). Seu objeto não pode estar sujeito a crescimento ou decadência (é ageneta) (Ética a Nicômaco, 1139 b24). E isso significa que seu ser deve permanecer constante mesmo quando…

  • A discussão de Heidegger sobre a phronesis se concentra inicialmente no Livro VI da Ética a Nicômaco, onde Aristóteles descreve cinco maneiras pelas quais a alma alcança a verdade (aletheia) em afirmação ou negação, ou seja, por meio do logos. Elas são identificadas como techne, episteme, phronesis, sophia e noûs. Diz-se que o julgamento (hypolepsis)…

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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