Tag: Marques Cabral

  • A assunção do niilismo como um dos temas centrais das discussões filosóficas no âmbito acadêmico tornou-se talvez hoje lugar-comum. Diversos são os lugares de tematização dessa questão. Colóquios, congressos, livros, revistas especializadas, etc. são dedicados à questão do niilismo e a seus impasses no mundo contemporâneo. No entanto, pelo que tudo indica, o eixo hermenêutico…

  • Admirava-me de que os restantes mortais vivessem, visto que aquele, que eu amava como se não houvera de morrer, tinha morrido e mais me admirava que eu continuasse a viver depois de ele morrer, visto que eu era o outro ele. Bem disse alguém, em relação a um amigo seu, que ele era metade da…

  • A presença de Heidegger em Bultmann não se dá pela simples reprodução, por parte de Bultmann, de conceitos e problemas heideggerianos. Deve-se observar que dificilmente encontraremos textos de Bultmann onde há alguma reconstrução filosófica dos conceitos e sobretudo contextos hermenêuticos heideggerianos. Podemos até dizer que muitas vezes Bultmann operacionaliza conceitos de Heidegger, ainda que destacados…

  • (…) duas estratégias muito comuns no enfrentamento atual da experiência do niilismo, a saber, a estratégia nostálgica e a estratégia remoralizadora. Por vezes agindo de modo complementar e outras agindo autonomamente, essas estratégias têm em comum a intenção de corrigir o niilismo através do enfrentamento de seus efeitos. Não é raro escutarmos críticas incisivas ao…

  • O aforismo acima reproduzido contém os elementos necessários para uma compreensão provisória e funcional do significado da morte de Deus, atendendo aos objetivos e limites impostos por esta introdução. Ele narra uma história fictícia na qual se confrontam um personagem chamado de “homem desvairado” e um grupo de homens localizado em uma praça. O anúncio…

  • Não menos problemática é a tematização do sagrado na obra de Heidegger. Nas suas Interpretações fenomenológicas de Aristóteles (GA61), escrito de 1923, que antecipa diversos aspectos da analítica existencial de Ser e tempo, Heidegger afirma que “a filosofia é fundamentalmente ateia e compreende o que é”. (GA61:18) Essa afirmação não é aleatória, ela foi dita…

  • (…) ainda na primeira fase do seu pensamento, no escrito “Fenomenologia e teologia” (GA9), de 1927, Heidegger relaciona-se positivamente com a teologia cristã, mesmo que ainda preserve as características metodológicas ateias anteriormente citadas. O que importa é sobretudo caracterizar o modo de articulação da relação positiva entre teologia e fenomenologia. Assumindo primeiramente um viés desconstrutivo,…

  • O homem toma conhecimento do sagrado porque este se manifesta, se mostra como algo absolutamente diferente do profano. A fim de indicarmos o ato de manifestação do sagrado, propusemos o termo hierofania. Este termo é cômodo, pois não implica nenhuma precisão suplementar: exprime apenas o que está implicando no seu conteúdo etimológico, a saber, que…

  • Vimos falando do Ocidente, homem ocidental, pensamento ocidental, ética ocidental. Mas que é isto, o Ocidente? Será que o Ocidente é um espaço geográfico que possui uma história comum, como querem geógrafos e historiadores? Será que o Ocidente é o espaço onde, por oposição ou antítese ao Oriente, a ética está em crise, sugerindo-nos uma…

  • (…) o ser-aí é ser-no-mundo não porque ele está sempre inserido em um espaço geométrico que abarca o somatório de todos os entes presentes à vista. Sendo-no-mundo, o ser-aí experimenta o mundo como correlato intencional descerrado por sua existência. O mundo é, portanto, o horizonte transcendental e transcendente que fornece ao poder-ser do ser-aí o…