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HANS-GEORG GADAMER (1900-2002)

  • E, de fato, se retrocedermos até os começos da moderna teoria da ciência e da lógica, o problema é justamente saber até que ponto é possível um emprego puro da nossa razão, procedendo segundo princípios metodológicos e acima de qualquer (354) preconceito ou atitude preconcebida sobretudo da “verbalística”. A contribuição especial de Bacon nesse terreno…

  • A fórmula de Droysen para o conhecimento histórico é, pois, “compreender investigando” (§ 8). Nisso se oculta tanto uma mediação infinita como uma imediatez última. O conceito da investigação, que Droysen vincula, aqui numa cunhagem tão significativa, com o do compreender, deve marcar a infinitude da tarefa que separa o historiador tão profundamente das perfeições…

  • A isso se acrescenta um segundo caso. Mesmo a percepção tida como adequada jamais viria a ser um simples reflexo daquilo que é. Pois continuaria sendo sempre uma apreensão de algo. Toda a apreensão como… articula o que está ali, na medida em que tira a vista de… olha para… vê conjuntamente como… — e…

  • Vejamos agora o caso da hermenêutica teológica tal como (336) foi desenvolvido pela teologia protestante, na perspectiva de nosso problema. Aqui se pode apreciar claramente uma autêntica correspondência com a hermenêutica jurídica, já que também aqui a dogmática não reveste nenhum caráter de primazia. A verdadeira concreção da proclamação tem lugar na prédica, assim como…

  • Para o conteúdo da palavra “formação”, que nos é familiar, a primeira importante constatação é a de que o antigo conceito de uma “formação natural”, que se refere à aparência externa (a formação dos membros, uma figura bem formada), e sobretudo à configuração produzida pela natureza (p. ex., “formação de montanha”), foi naquela época quase…

  • O deslocamento da determinação ontológica do estético para o conceito da aparência estética tem pois seu fundamento teórico no fato de que o predomínio do modelo de conhecimento das ciências da natureza conduz ao desacreditamento de todas as possibilidades do conhecimento, que se encontram fora dessa nova metodologia. VERDADE E MÉTODO PRIMEIRA PARTE 1. Se…

  • Nota-se claramente que também outros teólogos pietistas, em face do dominante racionalismo, e no mesmo sentido de Oetinger, colocaram a applicatio em primeiro plano, como o demonstra o exemplo de Rambach, cuja hermenêutica, então muito influente, trata também da aplicação. Entretanto, o refreamento das tendências pietistas no final do século XVIII fez que a função…

  • Frente à dialética platônica, entendida como um saber teórico, Aristóteles reivindicou para a filosofia prática uma autonomia peculiar e iniciou uma tradição que exerceria sua influência até o século XIX a dentro, e acabaria sendo dissolvida no século XX pela “ciência política” ou “politologia”. Mas, apesar de toda determinação com que Aristóteles apresenta a ideia…

  • Interesse “teórico” e não prático. Mas mesmo assim não se cultiva pelo mero desejo de saber, como acentua Aristóteles em sua Ética, mas por causa da arete, isto é, por causa do ser e agir práticos. Pois (291) bem, parece-me digno de nota que se possa afirmar o mesmo a respeito do que Aristóteles, no…

  • As extraordinárias pesquisas sobre a estética literária da Idade Média, sintetizadas por Ernest Robert Curtius, dão-nos uma boa ideia disso. Quando se começa a lançar um olhar para além dos limites da arte vivencial e se deixam valer outros padrões, abrem-se novos e amplos espaços no âmbito da arte ocidental, que, desde a antiguidade até…

  • Nietzsche aguçou de tal modo esse ceticismo a ponto de torná-lo um ceticismo contra a ciência. Na verdade, a ciência tem algo em comum com o fanático: porque ela constantemente exige e dá demonstrações, acaba sendo tão intolerante quanto ele. Ninguém é mais intolerante do que aquele que quer comprovar que aquilo que ele diz…

  • História universal, história do mundo — não são, na verdade, sumidades conceituais de natureza formal, nas quais se intenta o todo do acontecer, mas, no pensamento histórico, o universo, enquanto criação divina, é elevado à consciência de si mesmo. Evidentemente que não se trata de uma consciência conceitual: o resultado último da ciência histórica é…

  • Certamente, tudo isso poderá transformar-se numa “vivência” para nós. Essa autocompreensão estética está sempre disponível. Mas a gente não pode deixar-se iludir pelo fato de que a própria obra de arte que, desse modo, torna-se para nós uma vivência, não foi destinada para uma tal concepção. Nossos conceitos de valor sobre o gênio e a…

  • Não se pode afirmar que, sobre esse ponto, no qual Dilthey vê o problema decisivo, as suas ideias não tivessem alcançado completa clareza. O que apresenta o ponto decisivo, aqui, é o problema do passo a ser dado da fundamentação psicológica para a fundamentação hermenêutica das ciências do espírito. Nisso Dilthey não passou nunca de…

  • Se continuarmos a perseguir essa ideia de Yorck, tornar-se-á ainda mais nítida a persistência dos motivos idealistas. O que o conde Yorck expõe aqui é a correspondência estrutural de vida e autoconsciência, que Hegel já desenvolvera na sua Fenomenologia. Já nos últimos anos de Hegel em Frankfurt, nos restos de manuscritos conservados, pode ser mostrada…

  • Temos pois de renovar a indagação: o que é confirmado pelo espectador? É evidente que se trata justo da inconveniência e da dimensão assustadora das consequências que resultam de uma ação culposa, que representam a verdadeira provocação do espectador. A afirmação trágica é a superação dessa provocação. Tem o caráter de uma genuína comunhão. O…

  • Portanto, esses estudos sobre hermenêutica procuram demonstrar a partir da experiência da arte e da tradição histórica, o fenômeno da hermenêutica em toda a sua envergadura. Importa reconhecer nele uma experiência da verdade, que não terá de ser apenas justificada filosoficamente, mas que é, ela mesma, uma forma de filosofar. A hermenêutica que se vai…

  • Nosso ponto de partida foi que o verdadeiro ser do espectador, que faz parte do jogo da arte, do ângulo da subjetividade, não pode ser adequadamente compreendido como uma forma de comportamento da consciência estética. Mas isso não deve significar que também não se possa descrever a natureza do espectador a partir daquele tomar-parte (Dabeisein),…

  • Essa formulação é paradoxal, se se imagina com que predileção foram discutidas, no século XVIII, as diferenças do gosto humano. Mas, mesmo que das diferenças de gosto não extraiamos consequências cético-relativistas, e nos fixemos porém, na ideia do bom gosto, soa paradoxal denominar o senso comum de “bom gosto”, essa rara distinção, através da qual…

  • O caso da tradução nos faz conscientes da linguisticidade como o médium do acordo, através do fato de que este meio tem de ser produzido artificialmente através de uma mediação expressa. Este agenciamento artificial não é, evidentemente, o caso normal das conversações. Tampouco a tradução é o caso normal de nosso comportamento com respeito a…

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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