Tag: (A) Gadamer
HANS-GEORG GADAMER (1900-2002)
-
E assim, surge a questão de se saber até que ponto a superioridade dialética da filosofia da reflexão corresponde a uma verdade pautada na coisa ou até que ponto gera tão-somente uma aparência formal. Pois a argumentação da filosofia da reflexão não pode acabar ocultando que a crítica contra o pensamento especulativo, que é exercida…
-
Vê-se assim que, em Dilthey, como em Husserl, na filosofia da vida, tal como na fenomenologia, o conceito da vivência se mostra, de início, como um conceito puramente epistemológico. Em ambos ele é reivindicado com a sua significação teleológica, mas não é determinado conceitualmente. Que é a vida que se manifesta na vivência, significa apenas…
-
É verdade que o próprio Dilthey sempre levou em consideração essa objeção e procurou uma solução para a questão pelo modo como é possível a objetividade, dentro da relatividade, e como pode-se pensar a relação do finito com o absoluto. A tarefa é expor como se ampliaram esses conceitos de valor, relativos à época, a…
-
Na filosofia do escocês, o conceito de common sense encontrou uma função realmente central e sistemática, que polemiza tanto contra a metafísica, como contra sua cética solução, e sobre o fundamento de juízos originários e naturais do common sense, elabora seu novo sistema (Thomas Reid). Sem dúvida que nisso encontra-se atuante a tradição conceitual aristotélico-escolástica…
-
Mas reconhecer que a formação seja algo como um elemento do espírito, isso não está vinculado à filosofia de Hegel do espírito absoluto, e muito menos o seu juízo acerca da historicidade da consciência está vinculado à sua FILOSOFIA DA HISTÓRIA mundial. O que importa é ter claro, que também para as ciências do espírito…
-
Pois bem, a FILOSOFIA GREGA se inicia precisamente com o conhecimento de que a palavra é somente nome, isto é, que não representa (vertreten) o verdadeiro ser. Esta é a erupção do perguntar filosófico dentro da pressuposição imediatamente indiscutida do nome. Fé na palavra e dúvidas a respeito da palavra são o que caracteriza a…
-
Uma corrente um pouco diferente, que contribuiu para o progresso de meus estudos, refere-se aos problemas das ciências sociais e da FILOSOFIA PRÁTICA. O interesse crítico que Jürgen Habermas demonstrou, nos anos sessenta, pelos meus trabalhos, foi criticamente significativo. Sua crítica e minha contra-argumentação fizeram-me ver a dimensão em que havia ingressado quando transpus o…
-
Sob esse aspecto, o problema da linguagem não nos é colocado, desde o princípio, no mesmo sentido em que é apresentado na FILOSOFIA DA LINGUAGEM. É verdade que a multiplicidade das línguas, por cuja diversidade a ciência linguística se interessa, nos coloca também uma pergunta. Mas essa é unicamente a de como pode estar cada…
-
As pesquisas a seguir, portanto, iniciam-se com uma crítica da CONSCIÊNCIA ESTÉTICA, a fim de defenderem a experiência da verdade, que nos é proporcionada pela obra de arte, contra a teoria estética, que se deixa limitar pelo conceito de verdade da ciência. Elas, porém, não se contentam somente com a justificação da verdade da arte.…
-
O que chamamos de obra de arte e vivenciamos esteticamente repousa, portanto, sobre um desempenho de abstração. Na medida em que não se leva em consideração tudo em que uma obra se enraíza, como seu contexto de vida originário, isto é, toda função religiosa ou profana em que se encontrava e em que possuía seu…
-
No final da nossa análise conceitual da “vivência” tornar-se-á claro que afinidade há entre a estrutura da vivência como tal e o modo de ser do estético. A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA não é apenas uma espécie de vivência ao lado de outras, mas representa a forma de ser da própria vivência. Com a obra de arte,…
-
No final da nossa análise conceitual da “vivência” tornar-se-á claro que afinidade há entre a estrutura da vivência como tal e o modo de ser do estético. A experiência estética não é apenas uma espécie de vivência ao lado de outras, mas representa a forma de ser da própria vivência. Com a obra de arte,…
-
Para o conteúdo da palavra “formação”, que nos é familiar, a primeira importante constatação é a de que o antigo conceito de uma “formação natural”, que se refere à aparência externa (a formação dos membros, uma figura bem formada), e sobretudo à configuração produzida pela natureza (p. ex., “formação de montanha”), foi naquela época quase…
-
Mas a coisa se modifica quando se trata de um texto literário, e justamente por essa razão. A função do jogo de palavras não compactua com a ambiguidade polivalente da palavra poética. E verdade que as conotações que acompanham um significado principal emprestam à linguagem sua magnitude (Volumen) literária. Mas, pelo fato de subordinarem-se à…
-
Mas havia a tarefa bastante urgente, numa pesquisa que estava, na verdade, em plena florescência, de elevar a “escola histórica” a uma autoconsciência lógica. Já no ano de 1843 J.G. Droysen, o autor e descobridor da história do helenismo, tinha escrito: “Não há certamente nenhum campo científico que esteja tão afastado de uma justificação, delimitação…
-
A auto-reflexão lógica das ciências do espírito, que acompanha o seu efetivo desenvolvimento no século XIX, é inteiramente dominada pelo modelo das ciências da natureza. Mostra-o um simples olhar lançado à expressão “ciências do espírito”, desde que essa expressão receba o significado que nos é familiar, unicamente através de sua forma plural. As ciências do…
-
Já dessa segunda frase infere-se que Oetinger associa de antemão o significado humanista-político da palavra, com o conceito peripatético do sensus communis. Em parte, a definição acima soa (immediato tactu et intuitu) à maneira da doutrina aristotélica do nous; a questão aristotélica da dynamis comum, que reúne ver, ouvir etc., é por ele assumida e…
-
Para isso, escolhemos, como primeiro ponto de partida, um conceito que desempenhou importante papel na estética: o conceito do JOGO. No entanto, o que nos importa é libertar esse conceito de seu significado subjetivo, que apresenta em Kant e em Schiller e que domina toda a nova estética e toda a nova antropologia. Quando, em…
-
O fato de que Husserl tenha em vista, a todo momento, o “desempenho” da subjetividade transcendental corresponde simplesmente à tarefa da investigação fenomenológica da constituição. Mas é característico de seu verdadeiro propósito, não mais falar de consciência, nem sequer de subjetividade, mas de “vida”. Ele quer posicionar-se por trás da atualidade da consciência que intenciona,…
-
Também Heidegger está determinado, inicialmente, por aquela tendência comum a Dilthey e a Yorck, que um e outro formularam como “conceber a partir da vida”, tendência que, em Husserl, encontrou expressão como retorno a uma posição anterior à objetividade da ciência. Entretanto, ele não ficou mais submetido às implicações epistemológicas, segundo as quais o retorno…