Tag: GA12
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J — Certamente e, sobretudo, porque a superfície do mundo japonês é inteiramente europeia ou, se preferir, americana. O mundo japonês, o seu mundo de fundo, ou melhor, o que ele é em si mesmo, o senhor pode experimentar no teatro Nô. P — Conheço apenas um texto sobre o teatro Nô. J — Qual,…
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Toda formulação é perigosa. Ela constrange o dizer, reduzindo-o à exterioridade de uma opinião apressada e minando com facilidade a lentidão do pensamento. Mas uma formulação pode também ser um auxílio, ao menos uma provocação e uma parada no vagaroso pensamento do sentido. (GA12)
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P — Vocês precisam de conceitos? J — Provavelmente sim. O encontro com o pensamento europeu revelou uma incapacidade de nossa língua. P — Como assim? J — Falta a força das definições para representar objetos num encadeamento preciso de uns com os outros, dentro de um sistema recíproco de subordinação. P — O senhor…
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P — Só que existe um perigo muito maior nos ameaçando. E um perigo que nos atinge a ambos e que se torna tanto mais perigoso quanto menos puder ser percebido. J — Como assim? P — O perigo que nos ameaça provém de uma região em que não se pode presumir onde haverá de…
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O que significa renunciar? O verbo alemão verzeihen, renunciar, de onde provém a palavra “renúncia”, significa comumente desculpar-se, relevar. Num uso antigo diz “abdicar de uma coisa”, relevar, re-nunciar, ver-zeihen. Zeihen, anunciar, é a mesma palavra que o latim dicere, dizer, que o grego deiknymi, mostrar, no antigo alemão, sagan: saga. Renunciar é re-anunciar. (GA12)
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“doutrina da significação” se refere à gramática especulativa, uma meditação metafísica sobre a linguagem em sua referência ao ser. (GA12)
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P — O senhor deve ter observado que, em minhas publicações posteriores, não emprego mais as palavras “hermenêutica” e “hermenêutico”. J — Diz-se que o senhor mudou de posição. P — Deixei uma posição anterior, não por trocá-la por outra, mas porque a posição de antes era apenas um passo numa caminhada. No pensamento, o…
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P — O senhor já se referiu ao originário quando evocou a presença que brota da convocação recíproca de proveniência e porvir. J — Vejo logo com mais clareza o que o senhor talvez esteja querendo dizer, pensando a partir de nossa experiência japonesa. Só não sei se o senhor tem em mente a mesma…
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P — A vontade de saber e a curiosidade de explicações jamais nos conduzem a uma questão de pensamento. A vontade de saber já é sempre a pretensão disfarçada de uma autoconsciência que remete para uma razão confiante em si mesma e à sua racionalidade. O querer saber não quer esperar pelo que é digno…
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P — Devo entender que a experiência dos senhores se move na distinção entre o mundo sensível e o supra-sensível? Nesta mesma distinção, repousa o que de há muito se chama de metafísica. J — Com esta observação relativa à distinção metafísica, o senhor toca na fonte do perigo a que nos referimos. Nosso pensamento,…