Tag: Figal
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Não obstante, já se pode compreender um pouco melhor o conceito heideggeriano de fenomenologia como retenção da possibilidade se se esclarece o contexto ao qual esse conceito está ligado aqui. Esse contexto aponta para a determinação da relação entre possibilidade e realidade, tal como Kierkegaard a desenvolveu. Em seu escrito sobre o Conceito de angústia,…
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Com relação à arte, Heidegger e Gadamer falam menos de beleza e mais ainda de verdade. No que diz respeito à beleza, Heidegger limita-se à observação lacônica de que a beleza é “uma maneira pela qual a verdade (domina) como desvelamento” (GA5:43). A verdade é “a abertura do aberto” (48) que é “inserida” na obra…
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(…) De maneira diversa da filosofia prática de Aristóteles, a hermenêutica da facticidade heideggeriana (art180) não depende de nenhuma ontologia porque ela mesma é uma ontologia. “A problemática da filosofia”, assim encontra-se formulado no Relatório-Natorp, diz respeito ao “ser da vida fática” [GA62:364]. Este fato não pode ser compreendido no sentido de uma mera explicitação…
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(…) uma situação paradoxal surge a partir da concepção heideggeriana da compreensão: nunca antes o conceito de compreensão foi filosoficamente tão central, pois nunca antes lhe foi atribuída uma significação ontológica e até mesmo “ontológico-fundamental”; a autocompreensão do ser-aí se transforma aqui no ponto crucial para a compreensão de ser em geral. Este emprego do…
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A formulação heideggeriana relativa ao “inserir-se no ente” (Sicheinlassen auf das Seiende) não é certamente isenta de problemas e o mesmo se dá com o seu discurso acerca de uma certa “liberação” (Freigabe). Os dois parecem contradizer a tese de que se trataria aqui de um puro deixar e poderiam conduzir, ao invés disso, à…
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Ao introduzir o termo “conjuntura”, Heidegger quer apreender mais exatamente o caráter não manifesto e a não-objetualidade do utensílio: “O ente é descoberto na medida em que, como esse ente que é, está referido a algo. Esse algo tem a sua conformidade com ele junto a algo. O caráter ontológico do manual é a conjuntura…
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Por “disposição” (Befindlichkeit) tem-se em vista antes de tudo “a tonalidade afetiva, o ser afinado” (ST, 134). Uma tonalidade afetiva (Stimmung) não é, por sua vez, o mesmo que um sentimento ou um afeto. Heidegger quer tornar efetivamente compreensível o fato de também os sentimentos e os afetos serem “modos” da disposição e não quer…
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(…) “O projetar (Entwerfen) não tem nada em comum com um comportar-se (Sichverhalten) em relação a um plano imaginado, de acordo com o qual o ser-aí erige o seu ser, mas, como ser-aí, ele já sempre se projetou e é, uma vez que é, de maneira projetiva. Ser-aí compreende-se sempre já e sempre ainda, enquanto…
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(…) Isso que se pôde, assim o diz Heidegger, não “é nenhum quid, mas o ser como existir. No compreender (Verstehen) reside existencialmente o modo de ser do ser-aí como poder-ser (Sainkönnen). Ser-aí não é um ente simplesmente dado (Vorhandensein), que ainda possui como suplemento o poder algo. Ao contrário, ele é primariamente ser-possível (Möglichsein).…
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Quando nos aproximamos de algo diverso, acontece uma transposição: algo diverso, alheio, é transportado de lá para cá, é transformado em algo próprio e aí reconhecido. O processo, tal como a palavra o indica, é determinado por meio de intervalo e distanciamento; algo está em um lugar diverso daquele em que nós mesmos estamos e,…