Tag: (A) Eudoro de Sousa

  • A filosofia, na Grécia, tem por certidão de nascimento um texto de Aristóteles repetidamente citado e minuciosamente comentado (Met., I, 3, 983 b 6 e segs.): «a maioria dos primeiros filósofos, acreditaram que os únicos princípios (arkhas) de todas as coisas (hapanta tà ónta) são os de índole material; pois aquilo de que constam todos…

  • (V. fala da necessidade de construir-se uma teoria dramática do conhecimento. Que o levou a senti-la?) Eu não falo na necessidade de construir-se uma teoria dramática do conhecimento. Ou, se falo, mais uma vez me apressei demasiadamente; só digo que se poderia construir uma teoria dramática do conhecimento. Com efeito, parece-me por demais incoerente que…

  • Respondendo a interlocutor que o interpela sobre seu “remar contra a correnteza” em termos de “História da Filosofia”, Eudoro de Sousa afirma seu: “… meu decidido e radical antipositivismo, ou seja, a oposição (proveniente, talvez da minha irredutível subjetividade) a tudo quanto, de longe ou de perto, lembre a tão famosa quanto funesta lei dos…

  • 45. Não vemos qualquer objeção válida da parte de quem nos chame a atenção sobre o que de mais sabemos. E o que por de mais sabemos é que o homem morto, o seu corpo sem vida como o de qualquer outro animal, é matéria orgânica ou organizada, que se vai degradando até que só…

  • Desenvolvimento é subversão, e subversão tão subversiva, que, em qualquer das ideologias dominantes, só da boca para fora se exclamam palavras que, infelizmente (mas inexoravelmente), perderam o seu sentido, ou do seu sentido se perderam. Todos falam de valores humanos. Está certo. Mas não lhes perguntem quais eles sejam — o burburinho lembraria a confusão…

  • 48. As últimas palavras do parágrafo precedente já deixam entrever a pergunta acerca do que seja o sujeito do drama simbolizante que se desenrola aquém do horizonte extremo do trans-objetivo, o que é ou se projeta como sendo talvez o mesmo horizonte. E neste momento me vêm à memória o ter lido, em contexto que…

  • Um dia, no decorrer da evolução animal, surgiu um que, por desgraça sua (hoje, a maioria dirá, antes, «para glória sua»), não nasceu especializado em coisa nenhuma; e, por isso mesmo, se encontrava diante de todas as possibilidades. Durante longa, longa série de séculos permaneceu indeciso; mas, ao abeirar-se o início do que própria ou…

  • 5.a V. fala da necessidade de construir-se uma teoria dramática do conhecimento. Que o levou a senti-la? 7.a Haverá espaço para a filosofia fora do círculo definido pelo mito seu conatural, o «mito do Homem», como V. o chama? 5.a e 7.a Eu não falo na necessidade de construir-se uma teoria dramática do conhecimento. Ou,…

  • 60. Parmênides teria sido o primeiro pluralista, se o seu dualismo fosse o da realidade, e não o da aparência — da aparência, pura e simples, ou da aparência da realidade: o dualismo da Luz e da Noite é questão de nomos («convenção»), e não de physis («natureza»), Empédocles institui o pluralismo na realidade, na…

  • 72. Deixamos Heráclito para o fim, por duas razões que, de algum modo, sem sabermos por ora quais sejam, devem andar estreitamente correlacionadas. A primeira é que o filósofo não tem lugar na «história» da filosofia grega, se por tal entendemos o desenvolvimento do que se chama «filosofia», em qualquer direcção bem definida a partir…

  • 46. «Nas páginas seguintes, ocupar-nos-á a questão de averiguar o papel que a alma tem desempenhado nas ideias acerca da existência após a morte. Procuraremos mostrar que, da variedade dos relatos colhidos pelos etnólogos, se destacam dois círculos de representações, cada um dos quais reflecte um conceito fundamental, inteiramente diverso do outro. Em primeiro lugar,…

  • 42. Não nos move, nem de leve, o intuito de escrever uma história, ainda que parcelar, da filosofia grega. Mas, a fim de (79) restabelecer o paralelismo (ou, talvez, a convergência) da codificação mítica e da codificação lógica do mistério do horizonte, que, vê-lo-emos em breve, Parménides revelou o quanto pôde, há pelo menos dois…

  • Mas, com olhos desatentos a esse esquema, bem poderia surgir uma dúvida fatal à interpretação doxográfica: bastaria perguntar, com afincado interesse em obter uma resposta satisfatória, se o problema mais importante para a escola de Mileto de algum modo se identifica com o de Aristóteles. Este, ao que mais provável parece, seria o do movimento,…

  • O mito da separação das duas grandes regiões cósmicas é universal: Staudacher (1942) descreveu as variantes disseminadas pelo mundo inteiro — tribos africanas, Egipto Antigo, Grécia Moderna, literatura babilónica e judaica, Hurritas e Fenícios, na índia, Sibéria, Ásia Oriental, Indonésia, Melanésia, Austrália, Nova Zelândia, Polinésia e no continente americano. A todos os mitos de separação…

  • 68. Só para desentranhar todas as implicações destas poucas páginas da República, necessário seria escrever um livro inteiro. Supondo que não nos tenhamos omitido de ler com a devida atenção nenhum dos mais importantes comentários que constam da bibliografia especializada, digamos, para começar, que só nos ocorre uma excepção (Fergusson) ao quase unânime parecer acerca…

  • 66. «Imagina, por exemplo, uma linha seccionada em duas partes, em dois segmentos desiguais; secciona novamente, segundo a mesma razão, cada um dos dois segmentos, o do gênero visível e o do gênero inteligível. Assim considerada uma relação recíproca de claridade e de obscuridade, obterás no visível o teu segundo segmento, as cópias; por ‘cópias’,…

  • 64. Para o daimon de Empédocles, o mundo é uma caverna: já acenamos para a novidade da cifra, na codificação filosófica do mistério do horizonte. Mas a Caverna passa por ser o mais notável e a mais notada «ilustração» da gnosiologia platônica. Já lemos copiosas páginas (por exemplo, Zepf; cf. A. J. Festugière, La révélation…

  • A Física (que certamente começou além dela, numa metafísica com traços semelhantes aos de determinados mitos teocosmogónicos) é a primeira filosofia que a religião grega veio a ser. Por conseguinte, a mitologia grega é a mitologia emergente de uma religião, a cuja essência pertence o vir a ser, em primeiro lugar, uma física (ou melhor:…

  • Não obstante a fortuna que ganhou o pensamento implícito na fórmula «Do Mito ao Logos» (como se sabe, este é o título de um célebre trabalho de Wilhelm Nestle, que o mais sucintamente designava os primórdios do processo evolutivo do pensamento europeu) (181), da mitologia para a filosofia, ainda ninguém conseguiu ver distintamente o caminho…

  • Se, na verdade alvorece uma época que se há-de caracterizar pela renúncia ao Mito do Homem criador, e não «receptor de cultura», que aceita sem constrangimento o mundo que lhe é dado, os que sempre lhe foram dados por Fulgurações Ofuscantes, temos de admitir a contragosto da nossa incondicionada e incondicionável «vontade de poder», que…

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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