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Gabrielle Dufour-Kowalska (1939-2015)
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Com a determinação da subjetividade como temporalidade ek-estática, o princípio do conhecimento ontológico que determina todo o conhecimento de algo, o projeto filosófico de Heidegger em Kant e o Problema da Metafísica (GA3) chega ao fim. Qual é, no entanto, o significado do projeto de Heidegger no que diz respeito ao conceito de imaginação? É…
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Mas o que é que “sensível” ou “sensibilidade” significam aqui? Purificados de todo o conhecimento empírico, ou seja, sensorial, e remetidos para a imaginação transcendental, estes termos referem-se à forma do tempo (a forma a priori de todos os objetos dos sentidos em geral), tal como se realiza no ek-stasis original constitutivo da imaginação e…
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A base da transcendência, o conteúdo fenomenológico original do horizonte da objetividade, a condição de todo o conhecimento, não é outra coisa senão o tempo. É o tempo, diz Heidegger, “que dá ao horizonte o carácter de uma abertura previamente circunscrita. Torna perceptível ao ser finito o carácter opositivo da objetividade, um carácter que pertence…
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A suprema valorização da imaginação (Imagination) por parte de Heidegger é obtida através do seu famoso comentário à Crítica da Razão Pura, intitulado Kant e o Problema da Metafísica (GA3). Este título anuncia imediatamente o programa do comentador. Para Heidegger, a Crítica da Razão Pura não pode ser reduzida ao seu projeto explícito. O filósofo…
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O filósofo da Academia (Platão) inaugurou a tradição com uma série de três teses que se repetiriam com notável constância até ao século XX, até à fenomenologia de Husserl e dos seus discípulos, incluindo Merleau-Ponty. Elas podem ser resumidas em três proposições que definem, respectivamente, a gênese, a estrutura e a forma da sensibilidade: 1.…
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A afetividade foi até agora definida como a realização fenomenológica da estrutura fundamental da essência, a imanência. Vimo-la emergir no conceito de auto-afetar-se como a significação concreta deste último, que constituía ele próprio uma explicitação concreta da imanência. Mas a imanência é também uma estrutura ontológica. Ela define um modo de revelação que constitui um…
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Para a filosofia da consciência, o momento da determinação (37) é essencial para a realização da essência: o ser-em-si só alcança o para-si através da mediação de formas definidas; o aparecer absoluto só se realiza na aparência através da multiplicidade e diversidade dos seus modos de aparecer. No entanto, este processo de determinação implica necessariamente…
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O conceito monista da essência (monismo-ontologico) implica uma noção definida da sua estrutura: submete-a à exterioridade. Esta é a forma que determina a região ontológica da consciência, quer seja interpretada pelo idealismo como a relação do conhecente com o conhecido, quer na ontologia contemporânea como a relação do existente com o ser. Para a filosofia…
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No caminho para a essência interior da sensibilidade e da imaginação, o que Heidegger descobriu foi a estrutura última do conhecimento objetivo, o fundamento das condições da ciência tal como Kant as tinha estabelecido. Mas o objeto da sua busca continua a ser esta essência, como mostra uma das intuições fundamentais do seu pensamento, tão…
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Quando Fichte identifica a existência do ser com a representação, esta identificação tem um significado preciso: significa a identidade do processo que realiza a manifestação do ser com o processo de redobramento próprio da representação. Representar é tornar presente num representado. A representação é a própria essência da consciência, isto é, da manifestação do ser,…
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(…) Qual é, então, a faculdade originária que desdobra o horizonte ontológico que torna possível toda a manifestação ôntica, que forma, como diz Heidegger, o campo da nossa “abertura” ao ente enquanto tal? Para descobrir este fundamento primário, temos de nos elevar a partir das condições a priori de todo o conhecimento, entrando na interação…
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Encontramos no autor da Fenomenologia da Percepção (à qual nos limitaremos aqui) 1, as três teses, ligeiramente modificadas, embora consideravelmente mais complexas, que expusemos no início deste capítulo, e que conduzem de novo à desvalorização da sensibilidade e, em última análise, à negação da sua essência. A estrutura relacional da sensibilidade, que é identicamente a…
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Entremos agora nesta pura realização do “sentir-se a si mesmo” e tentemos apreender o que nele se dá, o que ele constitui em si mesmo, a essência que nele se afirma. O que se sente a si mesmo, como esse mesmo sentir e nesse sentir, o que originalmente se dá a si mesmo como sua…
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Afetar-se imediatamente é fazer experiência de si mesmo. Mas experimentar-se desta forma, sem o intermédio dos sentidos, é o que significa a afetividade na pureza do seu conceito. A afetividade surge no coração do conceito de auto-afetar-se como o seu significado concreto. Ela representa, como diz M. Henry, a “efetivação” fenomenologicamente concreta de auto-afetar-se, da…
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O pensamento de M. Henry é orientado por uma problemática definida, que de fato se sobrepõe à questão da manifestação da essência: a problemática da receptividade. De fato, qualquer manifestação de algo implica a recepção desse algo, e esta recepção pressupõe o poder de receber precisamente o que é dado em cada fenómeno. Se, então,…
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O empreendimento crítico de Michel Henry é imitado por uma tese que o autor reúne numa única fórmula: o “monismo ontológico” do pensamento ocidental. A expressão refere-se à concepção única que tem dominado o pensamento ocidental sobre a essência dos fenômenos, determinando a unilateralidade da investigação e da reflexão filosóficas até aos nossos dias. A…
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O que é que significa a autonomia da essência? Significa a realização da essência em si e por si mesma. Implica, portanto, o postulado da manifestação da essência. “A essência da manifestação (deve) ser capaz de se manifestar”, diz M. Henry (MHEM, 164). Porque a essência se realiza em si e por si mesma, o…