Tag: (A) Dreyfus
Hubert Dreyfus (1929-2017)
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Nesse ponto, alguém certamente objetará que, apesar de seu interesse em nossas práticas cotidianas e compartilhadas, Heidegger, ao contrário de Wittgenstein, usa uma linguagem muito incomum. Por que Heidegger precisa de uma linguagem especial e técnica para falar sobre o senso comum? A resposta é esclarecedora. Para começar, Heidegger e Wittgenstein têm uma compreensão muito…
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4. Detachment and Objectivity. From the Greeks we inherit not only our assumption that we can obtain theoretical knowledge of every domain, even human activities, but also our assumption that the detached theoretical viewpoint is superior to the involved practical viewpoint. According to the philosophical tradition, whether rationalist or empiricist, it is only by means…
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O termo de Heidegger para o aspecto receptivo do modo de ser do Dasein, onde ele justamente descobre coisas e maneiras de agir importando a ele, é Befindlichkeit. Esta não é uma palavra em alemão comum, mas é construída de uma saudação diária, «Wie befinden Sie sich?», que literalmente pergunta «como te encontras?» — algo…
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Destarte, enquanto os computadores analógicos operam com quantidades contínuas, todos os computadores digitais são máquinas de função descontínua. Como estabelece A. M. Turing, famoso por suas definições a respeito da essência de um computador digital: (As máquinas de função descontínua) movem-se aos saltos ou a cliques, de um estado bem definido para outro. Esses estados…
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Representação Mental. Ao pressuposto clássico de que as crenças e os desejos fundamentam e explicam o comportamento humano, Descartes acrescenta que, para que possamos perceber, agir e, em geral, nos relacionar com os objetos, deve haver algum conteúdo em nossa mente — alguma representação interna — que nos permita direcionar nossa mente para cada objeto.…
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Augenblick significa literalmente “la mirada de un ojo” (“un pestañeo”). Es la traducción que hace Lutero del “twinkling of an eye” bíblico, “parpadeo” o “pestañeo de un ojo” con el cual “seremos cambiados”. Kierkegaard usa Oieblik como un término técnico que se traduce como “el momento”; dado que Heidegger deriva su uso de Kierkegaard, yo…
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O termo de Heidegger para o aspecto receptivo do modo de ser do Dasein, onde ele justamente descobre coisas e maneiras de agir importando a ele, é Befindlichkeit. Esta não é uma palavra em alemão comum, mas é construída de uma saudação diária, «Wie befinden Sie sich?», que literalmente pergunta «como te encontras?» — algo…
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1. Explicitude. Os pensadores ocidentais, de Sócrates a Kant e a Jürgen Habermas, presumiram que conhecemos e agimos por meio da aplicação de princípios e concluíram que devemos ter clareza sobre essas pressuposições para que possamos obter um controle esclarecido de nossas vidas. Heidegger questiona tanto a possibilidade quanto a conveniência de tornar nossa compreensão…
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3. Holismo teorético. A visão de Platão de que tudo o que os seres humanos fazem e que tem algum sentido se baseia em uma teoria implícita, combinada com a visão de Descartes/Husserl de que essa teoria é representada em nossas mentes como estados intencionais e regras para relacioná-los, leva à visão de que, mesmo…
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4. Desprendimento e objetividade. Herdamos dos gregos não apenas a suposição de que podemos obter conhecimento teórico de todos os domínios, até mesmo das atividades humanas, mas também a suposição de que o ponto de vista teórico distanciado é superior ao ponto de vista prático envolvido. De acordo com a tradição filosófica, seja ela racionalista…
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5. Individualismo metodológico. Heidegger segue Wilhelm Dilthey ao enfatizar que o sentido e a organização de uma cultura devem ser tomados como o dado básico nas ciências sociais e na filosofia e não podem ser rastreados até a atividade de sujeitos individuais. Assim, Heidegger rejeita o individualismo metodológico que se estende de Descartes a Husserl,…
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At this point someone is sure to object that in spite of his interest in our shared, everyday practices, Heidegger, unlike Wittgenstein, uses very unordinary language. Why does Heidegger need a special, technical language to talk about common sense? The answer is illuminating. To begin with, Heidegger and Wittgenstein have a very different understanding of…
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Os gregos homéricos eram abertos ao mundo de uma forma que nós, que somos hábeis em introspecção e que pensamos nos estados de espírito como experiências particulares, mal conseguimos compreender. Em vez de compreenderem a si mesmos em termos de suas experiências e crenças internas, eles se viam como arrastados por humores públicos e compartilháveis.…
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EMBORA NÃO SEJA o centro de nossa concepção de nós mesmos, a ideia de que devemos reconhecer e ser gratos por eventos favoráveis quando eles ocorrem não é totalmente estranha para nós. No entanto, os gregos vivenciaram esse fenômeno de uma maneira particular. Não se tratava apenas de se sentirem sortudos quando algo que eles…
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PARA ENTENDER MELHOR o sentido grego do sagrado, vamos considerar um exemplo em que parece natural para Homero invocar a presença dos deuses. Em uma cena representativa no final da Odisseia, os pretendentes atiram uma série de lanças em Odisseu à queima-roupa. Homero descreve o evento: Novamente seis pretendentes lançaram suas hastes com força, mas…
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Esse fenômeno era tão importante para os gregos homéricos que parece ter sido incorporado à própria gramática de seu idioma. No grego homérico, encontramos uma forma bastante incomum do verbo, chamada de voz média. Essa forma verbal é tão estranha para nós que há pouca concordância entre os estudiosos sobre como ela era usada. Os…
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Naturalmente, Homero reconhece que um requisito para a excelência em qualquer área é que a pessoa tenha passado pelo processo de aprender as habilidades, práticas e costumes dessa área. (…) A questão, entretanto, é que o treinamento e a experiência não são suficientes. Quando se atinge o auge em um determinado domínio, a pessoa está…
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Os gregos de Homero eram levados a um estado de reverência quando estavam na presença de qualquer coisa que fosse bela no mais alto grau. Estar na presença até mesmo de coisas bonitas e bem feitas inspirava neles uma admiração sagrada. Considere, por exemplo, a descrição de Telêmaco sobre o extraordinário palácio de Menelau: Meu…
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E assim, o que de fato surgiu na filosofia moderna foi um novo tipo de teoria do contato, não dependente da antiga teleologia. Esse tipo de teoria atingiu um alto grau de clareza e articulação durante o início do século XX. Entre seus formuladores, destacam-se, por exemplo, Heidegger, Merleau-Ponty e Wittgenstein. Um movimento básico que…
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(…) Nossas percepções particularizadas, nossa compreensão de coisas específicas, estão inseridas em uma estrutura mais geral, o que lhes dá sentido. Esta percepção é holística: não é possível dividi-la em um amontoado de compreensões particularizadas; e — o que é a mesma coisa vista de outro lado — ela é inescapável: todas as compreensões particularizadas…