Tag: Derrida

  • De certa maneira, as questões éticas sempre estiveram aí, mas se alguém entende por ética um sistema de regras, de padrões morais, então não, não estou propondo uma ética. O que me interessa são, de fato, as aporias da ética, seus limites, especialmente em torno das questões de dom, perdão, segredo, testemunho, hospitalidade, vivente –…

  • Heidegger e Derrida são frequentemente referidos como filósofos «pós-modemos». Utilizei por vezes o termo «pós-moderno» no seu sentido mais estrito definido por Lyotard como «desconfiança das metanarrativas». Mas agora preferiría não o ter feito. O termo tem sido tão utilizado que causa mais problemas que o necessário. Desisti da tentativa de encontrar algo em comum…

  • A relação de Derrida com a fenomenologia baseia-se não apenas em seus estudos detalhados de Husserl, mas também em sua complexa relação com Heidegger. Assim, em Positions, Derrida afirma: O que tentei fazer não teria sido possível sem a abertura das questões de Heidegger… não teria sido possível sem a atenção ao que Heidegger chama…

  • (…) Como certamente já se aperceberam, esta questão do poder é importante para mim, e creio que é necessário dar-lhe uma atenção especial por duas razões. Por um lado, na tradição dominante do tratamento dos animais pela filosofia e pela cultura em geral, a diferença entre os animais e os homens foi sempre definida segundo…

  • Sublinho este valor de Unheimlichkeit, que há anos tento mostrar aqui que desempenha um papel essencial e tão decisivo como o valor de walten, mas que é tão pouco notado pelos leitores mais astutos de Heidegger. Ora, esta referência à Unheimlichkeit, tão difícil de traduzir, por outras razões, como walten (estranheza inquietante, estar fora de…

  • A honra da razão — será isso razão? A honra é razoável ou racional por completo? A própria forma desta pergunta pode ser aplicada analogicamente a tudo o que avalia, afirma ou prescreve a razão: preferir a razão, é racional ou, e isto é outra coisa, razoável? O valor da razão, o desejo da razão,…

  • Descartes não abalou, pois, a ontologia medieval. Esta, detendo-se na distinção entre o ens creatum e o ens infinitum ou increatum, não se interrogou sobre o ser desse ens. O que se passa, quanto à Renascença ou a modernidade do pensamento filosófico, é só o “implante de um preconceito funesto” que retardou uma analítica ontológica…

  • Ser sujeito do significante, porém, isso também quer dizer, e ainda quer dizer, duas coisas indissociáveis, que se acoplam na subjetividade do sujeito. O sujeito do significante está sujeitado ao significante. Lacan não para de insistir sobre a “dominância” do “significante sobre o sujeito”1, assim como sobre a “ordem simbólica que é, para o sujeito,…

  • O imenso risco provém daquilo que, contudo, se mantém um fraternalismo do “semelhante”. Esse risco é duplo (e ele seria válido também para o discurso de Lévinas, digamos en passant): por um lado, esse fraternalismo nos liberta de toda obrigação ética, de todo dever de não ser criminoso e cruel, justamente com vistas a todo…

  • Lacan começa lembrando alguma coisa muito clássica e tradicional, por mais que isso adquira um ar de novidade sob a pena de Lacan. O quê? Lacan começa declarando que o próprio do homem, a origem do homem, o lugar no qual a humanidade começa é a Lei, a relação com a Lei (com um L…