Tag: Boutot

  • Primeira abordagem da modernidade: a essência da ciência moderna e o projeto matemático da natureza «Um fenômeno essencial dos tempos modernos», diz Heidegger, «é a ciência»(A época das concepções do mundo, Chemins qui ne mènent nulle part, Paris, Gallimard, 1962, p. 69). A ciência não é, certamente, uma invenção moderna, mas entrou numa nova fase…

  • O ser-aí não encontra no mundo que o envolve apenas utensílios de que dispõe, mas também outros ser-aí. O mundo do ser-aí é sempre um mundo comum, é um mundo no seio do qual os outros estão sempre já anunciados. Mesmo só, mesmo quando não há nenhum ser-aí nas suas proximidades imediatas, o ser-aí está…

  • Depois do mundo e do ente que está no mundo, o ser-em (das In-sein) é o terceiro momento estrutural do ser-no-mundo. Corresponde ao momento da abertura do próprio mundo. O ser-aí revela o mundo de um modo sempre diferente, segundo três comportamentos fundamentais (três existenciários) a que Heidegger chama a disposição (Befindlichkeit), o compreender (Verstehen)…

  • A disposição é o humor ou a tonalidade afectiva que alternadamente possuímos e que nos faz parecer alternadamente o mundo desta ou daquela maneira. A disposição não é, porém, um simples fenômeno psicológico, colorindo as coisas e as pessoas, mas é, antes, uma determinação constitutiva do nosso ser. Ela revela ao ser-aí, sempre de maneira…

  • O compreender designa um outro tipo de ligação ao mundo na qual o mundo e o ser-no-mundo se anunciam, mas de maneira diferente, ao ser-aí. Compreendendo, o ser-aí descobre «onde» está consigo mesmo. O compreender possui a estrutura fundamental do projeto (Entwurf). Compreendendo, o ser-aí projeta não somente o mundo, enquanto horizonte significante da preocupação…

  • O discurso, ou antes a discursividade, é o terceiro comportamento à mercê do qual o ser-aí se liga ao mundo ao descobri-lo. O ser-aí é um ser discursivo, o que não quer dizer que ele seja capaz de falar, mas que tem a faculdade de articular o que compreende. Ao articular, o ser-aí liberta e…

  • No fim desta análise, o ser-aí surge como um ser lançado em projeto, no qual entra, no seu ser, em virtude do seu próprio poder ser. Heidegger reúne a multiplicidade destes momentos constitutivos numa estrutura unitária: o cuidado (die Sorge) que representa a estrutura fundamental do ser-aí enquanto ser-no-mundo. O cuidado unifica, ao articulá-los, os…

  • Esta planificação em excesso, este dirigismo que reina sobre as regiões do ente, não quer dizer, contudo, que o homem seja o mestre ou mesmo o organizador deste processo de exploração planetária. Longe de estar nas mãos do homem, a técnica, enquanto ordenação, tem o homem em seu poder. «Em todos os domínios da existência»,…

  • O fenômeno fundamental dos tempos modernos não é, porém, para Heidegger, a ciência, mas a técnica, de que a ciência não é ela própria senão uma das suas múltiplas facetas. «A posição fundamental dos tempos modernos», diz Heidegger, «é a posição técnica» (Concepts Fondamentaux, Paris, Gallimard, 1985, p. 31). A técnica nunca tem, em Heidegger,…

  • O ente ao qual o homem se liga no seu quotidiano não é de modo nenhum um ente subsistente (Vorhanden) que seria percebido numa perspectiva teórica, mas primeiramente e antes de mais qualquer coisa que serve para, que é produzida para. O ser-aí tem a ver antes com os utensílios (Zeug), este termo deve ser…