Castilho
A consciência é o apelo da preocupação a partir do estranhamento do ser-no-mundo que desperta o Dasein para o seu poder-ser-culpado mais próprio. O entender correspondente a esse despertar é o querer-ter-consciência. As duas determinações não se deixam facilmente pôr em consonância com a interpretação vulgar da consciência. Parece até que a contrariam diretamente. Chamamos de vulgar essa interpretação da consciência porque, na caracterização do fenômeno (791) e na designação de sua “função”, ela se atém ao que a-gente conhece como consciência e ao modo como é seguida ou não. (p. 791-793)
A consciência é o apelo da cura que, a partir da estranheza do ser-no-mundo, faz apelo para a presença assumir o seu poder ser e estar em dívida mais próprio. O querer-ter-consciência é o compreender que corresponde ao apelar. Ambas as determinações não podem ser meramente harmonizadas com a interpretação vulgar da consciência. Elas parecem, inclusive, contradizê-la diretamente. Chamamos de vulgar a interpretação da consciência porque, na caracterização (369) do fenômeno e de sua “função”, ela se atém à consciência impessoal determinando, impessoalmente, como ela a obedece ou não. (p. 369-370)
La conciencia es la llamada del cuidado desde la desazón del estar-en-el-mundo, que intima al Dasein a su más propio poder-ser-culpable. El comprender correspondiente a la llamada es el querer-tener-conciencia. Estas determinaciones no se dejan armonizar fácilmente con la interpretación vulgar de la conciencia. Parecen incluso estar en abierta pugna con ella. Llamamos vulgar a esa interpretación de la conciencia porque, en la caracterización del fenómeno y en la especificación de su “función”, ella se atiene a lo que uno conoce como conciencia y al modo cómo la obedece o desobedece. (p. 307)
La conscience morale est l’appel du souci à partir de l’étrangeté de l’être-au-monde; il appelle le Dasein au pouvoir être en faute le plus propre. L’entendre correspondant à l’interpellation s’est trouvé être le parti-d’y-voir-clair-en-conscience. Deux déterminations qui n’entrent pas en concordance immédiate avec l’explicitation courante de la conscience morale. Elles paraissent même la contester directement. Nous appelons courante l’explicitation de la conscience morale parce que, pour caractériser le phénomène et spécifier sa « fonction », elle prend appui sur ce qu’on connaît comme conscience morale et sur la façon dont on lui obéit ou ne lui obéit pas. (p. 347)
Conscience is the call of care from the uncanniness of Being-in-the-world — the call which summons Dasein to its ownmost potentiality-for-Being-guilty. And corresponding to this call, wanting-to-have-a-conscience has emerged as the way in which the appeal is understood. These two definitions cannot be brought into harmony at once with the ordinary interpretation of conscience. Indeed they seem to be in direct conflict with it. We call this interpretation of conscience the “ordinary” one (Vulgär) because in characterizing this phenomenon and describing its ‘function’, it sticks to what “they” know as the conscience, and how “they” follow it or fail to follow it. (p. 335)
Das Gewissen ist der Ruf der Sorge aus der Unheimlichkeit des In-der-Welt-seins, der das Dasein zum eigensten Schuldigseinkönnen aufruft. Als entsprechendes Verstehen des Anrufs ergab sich das Gewissen-haben-wollen. Beide Bestimmungen lassen sich nicht ohne weiteres mit der vulgären Gewissensauslegung in Einklang bringen. Sie scheinen ihr sogar direkt zu widerstreiten. Vulgär nennen wir die Gewissensauslegung, weil sie sich bei der Charakteristik des Phänomens und der Kennzeichnung seiner »Funktion« an das hält, was man als Gewissen kennt, wie man ihm folgt bzw. nicht folgt. (p. 289)