SZ:134 – humor

Schuback (modificado)

Tanto a equanimidade imperturbável quanto o mal-humor inibido de nossa preocupação cotidiana, a maneira como deslizamos de um para o outro, ou escorregamos no mau humor, não são ontologicamente um nada, ainda que estes fenômenos sejam deixados de lado como supostamente o mais indiferente e fugaz no Dasein. O fato de que os humores podem se deteriorar e mudar significa simplesmente que em todos os casos o Dasein sempre tem algum humor. O humor indeterminado, que muitas vezes é persistente, monótono e incolor, e que não deve ser confundido com o mau humor, está longe de ser nada. Pelo contrário, é nele que o Dasein se acha entediado em si mesmo. Em semelhante humor indeterminado, o ser do Aí já se deu como pesadume. Por que? Não se sabe. E o Dasein não pode saber tais coisas, porque as possibilidades de abertura da cognição restam estreitas demais frente ao originário abrir-se dos humores, nos quais o Dasein se posiciona ante seu ser enquanto Aí. Por outro lado, um elevado estado de ânimo [“alto astral”] pode liberar do pesadume do ser que se manifestou; também esta possibilidade afetiva, embora liberadora, revela o caráter de pesadume do Dasein. O humor manifesta o modo “como se está e como se vai indo”. Neste “como se está”, o humor dispõe o ser em seu “Aí”.

Rivera

Auxenfants

Macquarrie & Robinson

Original

  1. ‘Carga’: lo que hay que cargar; el hombre está entregado, transpropiado al ex‐sistir [Da‐sein]. Car‐gar: tomar a su cargo la pertenencia al ser mismo.[↩]
  2. In this sentence ‘equanimity’ represents ‘Gleichmut’, ‘ill-humour’ represents ‘Missmut’, and ‘bad moods’ represents ‘Verstimmungen’.[↩]
Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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