A posição metafísica fundamental de Protágoras somente é uma restrição ou, o que é o mesmo, uma forma de conservar a posição fundamental de Heráclito e a de Parmênides. A sofística somente é possível sobre o fundamento da sophia, isto é, da interpretação grega do ser como presença e da verdade como um desocultamento (Unverborgenheit) que, por sua vez, permanece uma determinação essencial do ser, motivo pelo qual, aquilo que se apresenta, se determina, como tal, a partir do desocultamento e a presença a partir do que já não está oculto. Até aonde se afasta Descartes dos inícios do pensamento grego, em que medida sua interpretação do homem como sujeito é diferente da grega? Precisamente porque no conceito de subjectum ainda ressoa a essência grega do ser, o hypokeisthai do hypokeimenon sob , porém, a forma de uma presença irreconhecível que já não cabe
questionar(concretamente aquilo que jaz sempre diante de nós), se pode ver graças a ele a essência da transformação da posição metafísica fundamental.
Uma coisa é preservar o círculo do desocultamento, que se vê limitado em cada caso, por meio da apreensão do presente (o homem como metron), e outra coisa é o adentrar-se no âmbito livre de limites da possível objetivação por meio do cálculo daquilo que é representável acessível e vinculador para todos.
Na sofística grega qualquer subjetivismo é impossível, porque nela o homem nunca pode ser subjectum (v. sujeito). Não pode chegar a sê-lo nunca, porque aqui o ser é presença e a verdade desocultamento. [DZW]