ser lançado

Geworfenheit

Enquanto existenciais, a disposição e o compreender caracterizam a abertura originária de ser-no-mundo. No modo de ser do humor, a presença (Dasein) “vê” possibilidades a partir das quais ela é. Na abertura projetiva dessas possibilidades, ela já está sempre afinada pelo humor. O projeto do poder-ser mais próprio está entregue ao fato de SER LANÇADO no pre (das Da) da presença (Dasein). Mas não será que, com a explicação da constituição existencial do ser do pre (das Da), no sentido do projeto projetado, o ser da presença (Dasein) se torna ainda mais enigmático? Com efeito. Devemos primeiro deixar despontar todo o enigma desse ser, quer para fracassar com autenticidade na tentativa de “resolvê-lo”, quer para recolocar de modo novo a questão do ser-no-mundo que se lançou em projetos. STMSC: §31

A linguagem é o pronunciamento da fala. Como um ente intramundano, essa totalidade de palavras em que e como tal a fala possui seu próprio ser “mundano” pode ser encontrada à maneira de algo à mão. Nesse caso, a linguagem pode ser despedaçada em coisas-palavras simplesmente dadas. Existencialmente, a fala é linguagem porque aquele ente, cuja abertura se articula em significações, possui {CH: para a linguagem, estar-lançado é essencial} o modo de ser-no-mundo, de SER LANÇADO e remetido a um “mundo”. STMSC: §34

O compreender impróprio temporaliza-se como um aguardar atualizante a cuja unidade ekstática pertence necessariamente um vigor de ter sido, que lhe corresponde. Em sentido próprio, o vira-si da decisão antecipadora é, conjuntamente, um voltar para o si-mesmo mais próprio, lançado em sua singularidade. Esta ekstase possibilita que a presença (Dasein) tenha condições de, decididamente, assumir o ente que ela já é. No antecipar, a presença (Dasein) se retoma previamente em seu poder-ser mais próprio. Chamamos de retomada o ser de maneira própria o ter sido. O projetar-se impróprio nas possibilidades hauridas e atualizantes nas ocupações só se torna possível caso a presença (Dasein) tenha esquecido a si, em seu poder-ser lançado mais próprio. Esse esquecer não é um nada negativo, nem simplesmente a falta de recordação, mas um modo próprio, “positivo” e ekstático do vigor de ter sido. A ekstase (retração) do esquecer tem o caráter de uma extração, fechada para si mesma, do vigor de ter sido em sentido mais próprio, de tal maneira que esse extrair-se de… fecha, ekstaticamente, aquilo de que se extrai e, com isso, a si mesmo. No sentido impróprio do vigor de ter sido, o esquecimento refere-se ao próprio ser e estar lançado; o esquecimento é o sentido temporal do modo de ser em que, numa primeira aproximação e na maior parte das vezes, eu, tendo sido, sou. E somente com base nesse esquecimento é que a atualização que aguarda as ocupações pode reter e guardar o ente, não dotado do caráter de presença (Dasein), que vem ao encontro no mundo circundante. A esse reter corresponde um não-reter que apresenta, por sua vez, um “esquecer” em sentido derivado. STMSC: §68

Essa datação, realizada pelo astro que despende luz e calor e pelos seus “lugares” privilegiados no céu, é uma indicação do tempo que, imediatamente, embora dentro de certos limites, se cumpre com unanimidade para “todo mundo”, na convivência que se faz “sob o mesmo céu”. O que se deve datar pode estar disponível no mundo circundante, embora não se limite a cada mundo instrumental das ocupações. Neste, o que sempre já está descoberto é, sobretudo, a natureza do mundo circundante e o mundo circundante público. Todo mundo pode logo “contar” com essa datação pública na qual todos dão a si mesmos o seu tempo, pois ela usa uma medida pública disponível. Essa datação conta com o tempo no sentido de uma medição do tempo, necessitando, portanto, de um medidor de tempo, ou seja, de um relógio. Isso implica que: com a temporalidade da presença (Dasein) que, lançada e entregue ao “mundo”, dá a si mesma tempo, também já se descobriu o “relógio”, ou seja, um manual que, retornando regularmente, se fez acessível na atualização que aguarda. O SER LANÇADO junto ao que está à mão funda-se na temporalidade. A temporalidade é o fundamento do relógio. Enquanto condição de possibilidade da necessidade fatual do relógio, a temporalidade condiciona, igualmente, a possibilidade de sua descoberta. Pois somente a atualização, que aguarda e retém o transcurso do sol, que vem ao encontro junto com a descoberta dos entes intramundanos, é que possibilita e exige a datação que interpreta a si mesma, a partir do que está publicamente à mão no mundo circundante. STMSC: §80