ser-lançado

Geworfenheit

Não é, porém, de forma ocasional ou suplementar que a presença (Dasein) realiza para si essa possibilidade mais própria, irremissível e insuperável, no curso de seu ser. Em existindo, a presença (Dasein) já está lançada nessa possibilidade. De início e na maior parte das vezes, a presença (Dasein) não possui nenhum saber explícito ou mesmo teórico de que ela se ache entregue à sua morte e que a morte pertença ao ser-no-mundo. É na disposição da angústia que o estar-lançado na morte se desvela para a presença (Dasein) de modo mais originário e penetrante. A angústia com a morte é angústia “com” o poder-ser mais próprio, irremissível e insuperável. O próprio ser-no-mundo é aquilo com que ela se angustia. O porquê dessa angústia é o puro e (326) simples poder-ser da presença (Dasein). Não se deve confundir a angústia com a morte e o medo de deixar de viver. Enquanto disposição fundamental da presença (Dasein), a angústia não é um humor “fraco”, arbitrário e casual de um indivíduo singular e sim a abertura de que, como SER-LANÇADO, a presença (Dasein) existe para seu fim. Assim, esclarece-se o conceito existencial da morte como SER-LANÇADO para o poder-ser mais próprio, irremissível e insuperável. com isso, ganha nitidez a delimitação frente a um mero desaparecer, a um mero finar ou ainda a uma “vivência” do deixar de viver. STMSCC: §50

Permanece em questão se esse problema já não foi suficientemente elaborado. O ser-para-a-morte funda-se na cura. Enquanto (335) SER-LANÇADO no mundo, a presença (Dasein) já está entregue à responsabilidade de sua morte. Sendo para sua morte, ela, de fato, morre constantemente durante o tempo em que ainda não deixou de viver. A presença (Dasein) morre de fato. Isso diz, ao mesmo tempo, que, em seu ser-para-a-morte, ela já se decidiu desse ou daquele modo. O escape decadente e cotidiano da morte é um ser-para-a-morte impróprio. Impropriedade tem por fundamento uma possível propriedade. Impropriedade caracteriza um modo de ser, no qual a presença (Dasein) pode desviar-se e, na maior parte das vezes, sempre já se desviou, mas que não deve desviar-se constantemente ou necessariamente. Porque a presença (Dasein) existe, ela se determina como o ente que ela é, a partir de uma possibilidade que ela mesma é e compreende. STMSCC: §52