O “próprio affaire” da fenomenologia husserliana acaba sendo a representação (Vorstellung). Uma vez que esse ponto de pertencimento à filosofia ocidental tenha sido adquirido, a inteligência limitadora do tempo nessa Sache selbst se torna óbvia. O aspecto temporal do objeto é que ele (81) permanece à frente do sujeito. “Representar significa aqui: trazer o ser subsistente (Vorhandenheit) diante de si mesmo, como ob-stante (Entgegenstehendes), relacioná-lo a si mesmo, que o representa para si mesmo, e dobrá-lo nessa relação consigo mesmo como a região da qual toda medida decorre”1. Uma retirada na qual o sujeito se torna o garantidor e guardião do objeto e de sua permanência.
Para mostrar que Husserl pertence à concepção metafísica e linear do tempo, vemos que Heidegger usa, não as noções de fluxo e corrente (Zeitstrom), mas as de ser subsistente e representação. A estrutura da filosofia da subjetividade, que ele adota sem criticar, impede Husserl de questionar a compreensão da presença (Anwesenheit) como presença objetiva.