Schérer (1971:139-140) – a questão do logos

destaque

O fato de o fundamento da comunicação humana estar ligado à presença do logos impõe-se-nos agora com um triplo significado:

1. A experiência psicopatológica, por mais privilegiada que seja, na medida em que nos mostra casos em que a comunicação é impedida ou imobilizada no seu desenvolvimento, não pode ser compreendida fora da sua junção com um mundo de razão, de nós e de experiência comum.

2. A comunicação entre sujeitos não pode ser tratada fora da linguagem em que essa comunicação se exprime; ela não é apenas o meio entre existências com individualidades perfeitamente definidas, mas o próprio lugar onde elas coexistem e onde se tecem as suas relações.

3. Mas isso significa também a limitação de uma análise que se limitaria a fixar-se na linguagem (140) da “simples comunicação” por demonstração, persuasão e discussão. Tomado em toda a sua profundidade e nas reverberações que o termo grego desperta em nós, através das suas origens e da sua tradição, logos é também, antes de mais e essencialmente, a possibilidade e a impossibilidade do discurso, aquilo que podemos utilizar para perguntar porque é que uma linguagem comum nos é dada ou recusada. Não se refere apenas à razão racional, mas ao fundo de onde provêm a razão e a linguagem. O que demandamos ao logos é que nos conduza ao fundamento da linguagem: “o logos funda a essência da linguagem” (Heidegger).

original

[SCHÉRER, René. Philosophies de la communication. Paris: Société d’Édition d’Enseignement Supérieur, 1971]

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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