Lendo Sartre e Heidegger sobre a questão da “escolha”, que se pode depreender?
“Nosso” ser, este aí-se-é 1], é escolha “originária”. E esta escolha é no mais das vezes “impessoal” do “a-gente” (das Man) que escolhe papel e interpretação do si-mesmo em formato de “mim-mesmo” em atos-fatos. A consciência é a vidraça transparente à escolha pelo mim-mesmo ou pelo si-mesmo.
- SARTRE
- HEIDEGGER
SARTRE
E, uma vez que nosso ser é precisamente nossa escolha originária, a consciência (de) escolha é idêntica à consciência que temos (de) nós. É preciso ser consciente para escolher, e é preciso escoIher para ser consciente. Escolha e consciência são uma só e mesma coisa. É o que muitos psicólogos pressentiram ao declarar que a consciência “é seleção”. Mas, por não reduzir esta seleção a seu fundamento ontológico, eles permaneceram em um terreno em que a seleção aparecia como função gratuita de uma consciência, por outro lado, substancial. Em particular, é o que se poderia reprovar em Bergson. Mas, estando bem estabelecido que a consciência é nadificação, compreende-se que ter consciência de nós mesmos e escolher-nos são a mesma coisa. [SARTRE, Jean-Paul, O Ser e o Nada. Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Tr. Paulo Perdigão. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 569-570]