NT: O prefixo, “Ur-” incide sobre o radical da palavra, ressaltando-a como o princípio e fundamento primordial da significação que exprime. Assim, “Ur-sprung” designa o “salto, que é o princípio e fundamento primordial de todo saltar, é portanto o “salto originário”. [GA40]
Poder – a capacidade do asseguramento de uma posse de possibilidades de violência. Como asseguramento, ela se encontra sempre em relação com um poder oposto e nunca é por isso uma origem (um SALTO ORIGINÁRIO). [tr. Casanova; GA65: 159]
A meditação sobre a proveniência a partir da história do primeiro início (ser como entidade – presentidade constante) é incontornável. É preciso mostrar como se chega ao ponto em que espaço e tempo se transformam em representações enquadradoras (conceito de “ordo”) (“formas da intuição”) para o cálculo “matemático” e por que esses conceitos de espaço-tempo dominam todo pensar, mesmo lá e precisamente lá onde se fala de “tempo vivenciado” (Bergson entre outros). Para tanto, é necessária a interpretação de Aristóteles, Física Delta sobre topos e kronos e naturalmente isso no quadro de toda a posição fundamental da Física. Nesse caso, mostrar-se-á como é que aqui ainda não se tinha alcançado de maneira alguma a representação do “quadro” e que essa também não pode ser alcançada aqui, uma vez que essa representação pressupõe a irrupção do “matemático” no sentido moderno. E isso, por sua vez, só é possível, isto é, a interpretação correspondente de espaço e tempo, depois que se perdeu o seu solo, a experiência grega da entidade, e, de imediato, depois que ele foi substituído pela interpretação cristã do ente em meio à manutenção dos “resultados” de Aristóteles. A despotencialização da ousia e a irrupção da substantia já tinham sido há muito preparadas. O que é realizado aqui pelo nominalismo. Como é que, porém, ainda e precisamente na Modernidade, no que concerne ao tempo e ao espaço, se reteve uma interpretação metafísica e se tentou levá-la a termo uma vez mais: espaço como sensorium Dei. A ambiguidade de espaço e tempo em Leibniz, a origem (o SALTO ORIGINÁRIO) obscura, em Kant simplesmente atribuída ao sujeito humano! Mas tudo isso sem qualquer noção do tempo-espaço. Por que e sob que pressupostos é historicamente necessária a dissolução da unidade de tempo e espaço? [tr. Casanova; GA65: 239]