Ricoeur: ética e moral

nossa tradução

Devemos distinguir entre moralidade e ética? Para dizer a verdade, nada na etimologia ou na história do uso das palavras o impõe: uma vem do grego, a outra do latim, e ambas se referem à ideia de costumes (ethos , mores); no entanto, uma nuance pode ser discernida, dependendo se se enfatiza o que é considerado bom ou o que se impõe como obrigatório. É por convenção que reservarei o termo ética para o objetivo de uma vida realizada sob o signo de ações consideradas boas, e moral para o lado obrigatório, marcada por normas, obrigações, caracterizadas ao mesmo tempo por uma exigência de universalidade e por um efeito de restrição. Podemos facilmente reconhecer na distinção entre o objetivo de uma vida boa e a obediência aos padrões a oposição entre duas heranças: a herança aristotélica, onde a ética é caracterizada por sua perspectiva teleológica (de telos, significando fim); e uma herança kantiana, onde a moralidade é definida pelo caráter de obrigação da norma, portanto, de um ponto de vista deontológico (significando precisamente dever). Proponho, sem preocupação com a ortodoxia aristotélica ou kantiana, defender: 1) o primado da ética sobre a moral; 2) a necessidade, no entanto, de que o objetivo ético passe pelo crivo da norma; 3) a legitimidade de um recurso da norma ao visado, quando a norma conduz a conflitos para os quais não há outra questão senão uma sabedoria prática que se refira ao que, na visão ética, é mais atento à singularidade das situações.

Original

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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