(Richir1996)
[…] as apercepções («percepções de uma só vez» que sempre implicam mais do que aquilo que parece explicitamente «contido» nelas) estão sempre já simbolicamente codificadas, são sempre já apercepções de língua, há diferentes tipos de apercepções de acordo com os diferentes tipos de instituição de língua, e sua gênese só pode ser compreendida na trans-posição, da qual nos esforçamos para mostrar, aqui, que é arquitetônica, da linguagem, para nós fenomenológica, até a língua. Não que haja, de um para o outro, alguma «dedutibilidade», que seria dogmática ou «metafísica», já que o hiato permanece irredutível entre o campo propriamente fenomenológico e o campo simbólico, mas uma espécie de «deformação coerente» (retomamos essa expressão de Merleau-Ponty), cuja transposição arquitetônica (é preciso insistir no «trans-», na travessia do hiato) é a expressão em termos arquitetônicos — a instituição simbólica estando sempre já «lá», embora em processo de sua própria elaboração simbólica.