Heidegger sempre enfatizou a finitude de cada emissão do Ser e parece pronto para admitir a finitude até mesmo de seus próprios esforços de pensamento. De fato, seria fácil catalogar os índices textuais de tal atitude, mas, por razões de brevidade, nos limitamos às perspectivas que consideramos até agora. Testemunha o esforço permanente do autor em recuperar continuamente o seu próprio não-dito, a insatisfação com suas próprias fórmulas, o esforço incansável em uma “espiral” de interrogações. Dada essa finitude dos próprios esforços de Heidegger, somos levados a fazer duas perguntas. Em primeiro lugar, não é possível recuperar esse não-dito de forma diferente do que o próprio Heidegger fez? “… Pois tudo o que o pensamento fundacional tem genuinamente pensado retém – e, de fato, em razão da própria essência (do processo) – uma pluralidade de significados. …” (GA8:WD:68) De forma mais concreta, perguntemos: Heidegger II tem mais direito de recuperar o não dito de Heidegger I do que, digamos, Jean-Paul Sartre?
Novamente, se todo pensador está em diálogo com seus predecessores, mas ainda mais, talvez, com a posteridade,(GA12:US:123) não é possível que outro pensador possa recuperar até mesmo Heidegger II e trazer seu não dito para a linguagem? Se esse for o caso, não é prematuro falar de uma “escatologia” do Ser e de um “novo amanhecer” da história-mundo que teria chegado com Heidegger, como se a emissão que lhe foi concedida fosse, finalmente, definitiva?